Você sabe que poeta disse “Um engano em bronze é um engano eterno”?

Foi Mário Quintana, em 1968, ano em que foi homenageado por sua cidade natal, Alegrete. Ao ser indagado pelas autoridades do município sobre o que achava de ter um busto seu colocado em praça pública, o poeta, com um sorriso maroto, teria respondido que, por modéstia, não poderia aceitar a homenagem, arrematando a negativa com a frase que se tornou famosa: “Afinal, um engano em bronze é um engano eterno”. Os representantes de Alegrete, diante das palavras de Quintana, decidiram venerá-lo com uma grande placa de bronze, na praça central da cidade, em que está escrita a espirituosa resposta. O autor de A rua dos cataventos, O aprendiz de feiticeiro, A vaca e o hipogrifo e Esconderijos do tempo, entre outros, faleceu em 1994.

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Você sabe o que é o “Mal de Bartleby”?

Trata-se de uma síndrome que faz os escritores desistirem para sempre de escrever. O nome “Mal de Bartleby” foi dado pelo espanhol Enrique Vila-Matas, a partir do conto “Bartleby, o escrivão”, de Herman Melville, o mesmo autor de “Moby Dick”. Na história, o melancólico Bartleby trabalha em um escritório em Wall Street e, estranhamente, ao ser indagado sobre qualquer tarefa a ser realizada, responde: “Eu preferia não fazer”. Vila-Matas, inspirado na narrativa, escreveu o livro “Bartleby e companhia”, em que menciona vários autores que desenvolveram a síndrome que os levou a interromper seus escritos. O poeta francês Arthur Rimbaud (1854-1891) é um dos acometidos por este mal, pois começou a fazer poesias aos dezesseis anos e aos dezenove, depois de escrever livros importantes como “Uma temporada no inferno” e “Iluminações”, simplesmente desistiu da literatura para sempre. Outro exemplo mais próximo, brasileiro e atual, é Raduan Nassar, que depois de publicar poucas histórias, entre elas o admirável romance “Lavoura arcaica”, afirma que parou de escrever definitivamente para se dedicar à agricultura.

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Você conhece o Sabadoyle?

Grandes escritores brasileiros, conversando sobre literatura, aos sábados, na casa do advogado e bibliófilo Plínio Doyle – essa pode ser a definição resumida do que era o Sabadoyle. Em fins de 1964, o poeta Carlos Drummond de Andrade começou a freqüentar a residência de Doyle, no Rio de Janeiro, dando origem aos encontros semanais. Inicialmente, as reuniões se davam na Rua Barão de Jaguaripe, n. 62; depois, foram deslocadas para o apartamento 201 do prédio 74, na mesma rua, devido à falta de espaço da primeira casa. Além dos fundadores Drummond e Doyle, faziam parte do grupo nomes como Raul Bopp, Aurélio Buarque de Holanda, Américo Lacombe, Joaquim Inojosa, Peregrino Júnior, Ciro dos Anjos, Alphonsus de Guimaraens Filho, Gilberto Mendonça Teles, Pedro Nava, Homero Homem, Afonso Arinos, Wilson Martins, Murilo Araújo, Mário da Silva Brito, entre muitos outros. A partir de 11 de novembro de 1972, decidiu-se fazer uma ata semanal das reuniões, muitas vezes lavradas na forma de poemas, como a primeira, de Guimaraens Filho, em trecho abaixo:

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Você sabe qual o livro mais caro já comprado por um bibliófilo?

Como se sabe, o que determina o preço de um livro não é necessariamente o seu tempo de existência, já que certos livros antigos podem não ter valor. O que torna o volume valioso é a procura. Conforme aponta a revista “Book and Magazine Collector”, o livro mais caro já comprado por um colecionador é a edição de 1922 de “Ulysses”, de James Joyce. O volume, que teve uma tiragem de mil exemplares, cem deles numerados, custou ao comprador cem mil libras, o equivalente a R$ 328.000. No Brasil, a realidade tende a ser diferente, já que os livros raros são mais baratos. Segundo o bibliófilo José Mindlin, nos anos 60, um negociador lhe ofereceu a primeira edição de “O Guarani”, de José de Alencar, de 1857, por mil dólares (o equivalente a R$ 2.600). A oferta foi negada e Mindlin, depois arrependido, só conseguiu um exemplar de 1857 vinte anos mais tarde, em um leilão de obras raras em Paris. O valor, entretanto, não foi revelado.

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