Você sabe o que é Poesia Concreta?

A Poesia Concreta, ou Concretismo, foi um movimento encabeçado pelos poetas paulistas Décio Pignatari (1927) e os irmãos Haroldo (1929-2003) e Augusto de Campos (1931). A partir do final da década de 1940, os três começam a defender uma poesia que se voltasse contra a “poética oficial” da literatura brasileira, buscando e exercitando novas formas de expressão verbal, num diálogo constante com outras artes (pintura, escultura, música), tendo por objetivo lançar um olhar crítico à velocidade do crescimento da civilização industrial e tecnológica. Dialogavam com o Modernismo mais radical de Oswald e Mário de Andrade e queriam colocar em prática a visão do escritor como um “ser atuante”, inserido na sociedade, a fim de questioná-la. Formalmente, o Concretismo destaca-se pelo apagamento do “eu”, em benefício do adensamento do plano gráfico e visual, numa atualização radical de recursos que aparecem já na poesia “tradicional”, mas não com tanta ênfase: métrica; rimas; aliterações e assonâncias; cortes e repetições de frases ou palavras; inversões sintáticas; plasticidade da letra impressa. Obviamente, o movimento causou furor no cenário da literatura brasileira, com adesões e críticas; seus fundadores e mentores, no entanto, após o “furacão”, seguiram cada qual seu caminho, trabalhando, no decorrer de suas carreiras, com poesia, ensaios, traduções e pesquisas nas áreas de Letras e Comunicação. Na página da Internet sobre a obra de Augusto de Campos,http://www2.uol.com.br/augustodecampos/poemas.htm, podem ser vistos vários exemplos de poemas concretos do autor.

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Conheça a inspiração de Gilberto Gil para a música “Aquele abraço”.

A famosa canção de Gilberto Gil, iniciada com a seguinte estrofe – “O Rio de Janeiro continua lindo / O Rio de Janeiro continua sendo/ O Rio de Janeiro, fevereiro e março. / Alô, alô, Realengo – aquele abraço. / Alô, torcida do Flamengo – aquele abraço” – foi criada em 1969, logo depois de o músico baiano deixar a prisão de Realengo, no Rio de Janeiro, onde ficou detido por dois meses. Gil foi solto numa Quarta-feira de Cinzas e, vendo o centro da cidade ainda decorado para o Carnaval, compôs a música cujo título faz menção à celebração de sua liberdade. Aspectos que remetem ao universo carioca, como a torcida do Flamengo, os meses do verão (janeiro, fevereiro e março), o terreiro de umbanda, a irreverência de Chacrinha, a favela, a banda de Ipanema, entre outros, estão presentes na música. Pouco depois de compor “Aquele abraço”, ainda no ano de 1969, o cantor foi para Londres, permanecendo no exílio até 1972, quando retornou ao Brasil.

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Você sabe qual foi a primeira peça teatral a retratar uma favela?

Trata-se do drama “Orfeu da Conceição”, da autoria de Vinicius de Moraes, publicado originalmente em 1954, pela revista Anhembi. Subintitulada “Tragédia carioca em três atos”, a peça inspira-se na mitologia grega, sendo uma releitura do mito de Orfeu. Na versão do poeta brasileiro, o exímio tocador de lira mítico é transformado num sedutor sambista negro, morador de um idealizado morro do Rio de Janeiro da década de 1950. A peça, composta por três atos, estreou em setembro de 1956, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo Haroldo Costa, ator oriundo do TEP, Teatro Experimental do Negro, no papel de Orfeu. Antônio Carlos Jobim assinou as músicas e Oscar Niemeyer criou a cenografia do espetáculo. A noite de estreia também contou com o lançamento de uma edição de luxo do texto, com ilustrações de Carlos Scliar.

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Conheça J. D. Salinger.

Na semana passada, a literatura norte-americana perdeu, aos 91 anos, Jerome David Salinger, ou somente J. D. Salinger, autor do clássico “The catcher in the rye” (“O apanhador no campo de centeio”, na tradução brasileira, da Editora do Autor), romance originalmente publicado em 1951. Outros livros dele editados no Brasil são as coleções de contos “Nove estórias” e “Franny & Zooey”, além de duas pequenas novelas reunidas em “Carpinteiros, levantai bem alto a cumeeira/Seymour – Uma introdução”. Mas é por “O apanhador” que Salinger é sempre lembrado. O livro é narrado em primeira pessoa por Holden Caufield, adolescente que, expulso do colégio, vagueia por Nova York, antes de criar coragem para contar aos pais o negativo acontecimento escolar. O modo simples como o enredo aborda as questões suscitadas, aliado à linguagem coloquial, fez com que o romance tenha se tornado um sucesso mundial (estima-se que tenha vendido mais de 60 milhões de cópias), em especial junto aos jovens que, a partir da década de 1960, adotaram o protagonista como um símbolo das necessidades, das inquietudes e dos sentimentos da juventude do pós-2ª Guerra Mundial.

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