Quem toparia publicar Ulisses?

Em 1921, num dos chás literários da hoje mítica livraria parisiense Shakespeare and Company, um escritor irlandês foi apresentado à proprietária: “Ora se não é o grande James Joyce”, disse Sylvia Beach. Ela tinha fundado a livraria dois anos antes, para divulgar a literatura de língua inglesa, e era fã de Joyce desde que lera Retrato de um artista quando jovem.

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Você já ouviu falar em livro que não pode esperar pra ser lido?

A editora e livraria independente Eterna Cadencia, da Argentina, acaba de lançar um livro que não pode ficar na estante por muito tempo: em dois meses, a tinta usada na impressão desaparece. O processo é desencadeado a partir do momento em que o leitor abre o pacote e o livro entra em contato com o ar e o sol. O objetivo é chamar a atenção para autores contemporâneos, que teriam dificuldade de ver sua produção consumida em curto prazo. Por isso, a primeira edição de El libro que no puede esperar é uma coletânea de jovens autores latino-americanos, e será seguida por outros volumes também de produção contemporânea.

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E mulher pode escrever livro assim?

Quando Raquel de Queiroz tinha cinco anos, foi testemunha de uma das secas mais fortes que se tem lembrança no Ceará. Aos 19, começou a escrever um romance que se passava durante aquela seca de 1915. O livro contava duas histórias paralelas, que começam e terminam no mesmo ponto. Uma das tramas é a trajetória da família de Chico Bento, forçada a emigrar, a outra é a da tímida paixão entre a professora Conceição e seu primo Vicente. Lançado em 1930, em edição bancada pelo pai da autora, O quinze (José Olympio, 2004) surpreendeu pela linguagem sem pompa, cheia de vigor e oralidade, e pelo retrato pertinente da vida do nordestino. A surpresa ficava maior quando se descobria que a autora era uma mulher, e tinha apenas 20 anos. Não era comum que mulheres escrevessem numa linguagem daquelas, e tratando de temas tão duros. A tal ponto que se duvidou da autoria de O quinze.

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Você sabe que obra sobre gatos inspirou um famoso musical da Broadway?

O musical Cats estreou no West End em 1981. Hoje é o segundo show mais duradouro na história da Broadway, onde se apresentou no ano seguinte. Ele foi traduzido e encenado do Japão ao Brasil, em uma centena de cidades no mundo, e ganhou prêmios como o Tony Awards e o Laurence Olivier. Composto por Andrew Lloyd Webber, Cats é baseado num livro infantil de T. S. Eliot, Old Possum’s Book of Practical Cats, de 1939.

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Você sabe o que João Cabral “lia” nos últimos dias de vida?

João Cabral de Melo Neto (1920-1999) ficou reconhecido pelo rigor formal e pela busca de uma arquitetura concreta e precisa para o fazer poético, evitando o sentimentalismo. Essa vertente de sua obra, que já flertou também com o surrealismo e a poesia popular, pode ser bem percebida em trabalhos como o seminal A Educação pela Pedra (1965) ou Psicologia da Composição (1947). A leitura de seus livros permite entender por que suas propostas (e a realização primorosa delas) chamaram atenção no Brasil da época, onde predominava a lírica confessional. Tornou-se um dos mais importantes poetas brasileiros.

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Você conhece Oskar Schell?

Nesta semana faria 11 anos que o pai de Oskar Schell morreu. Naquela terça-feira, 11 de setembro de 2001, Oskar, como sempre, foi à escola; seu pai tinha uma reunião no World Trade Center. As aulas foram suspensas, e os alunos liberados. Ao chegar em casa, às 10h18 (ele vivia olhando no seu relógio de pulso), o apartamento estava muito vazio e silencioso, Oskar fez um carinho no Buckminster, o seu gato, para mostrar que o amava, e foi checar as mensagens na secretaria eletrônica. Havia várias mensagens de seu pai. Ele ligava do World Trade Center, tinha acontecido alguma coisa lá, ainda não sabia o quê. As mensagens ficavam cada vez mais desesperadas.

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Você sabia que o corvo de Poe foi inspirado na ave de outro escritor?

Em “A filosofia da composição”, de 1845, Edgar Allan Poe descreve o processo de composição de seu poema mais famoso, “O corvo”. A obra, de grande musicalidade e estilização, tornou-se uma das mais importantes da poesia americana. Ela foi traduzida por escritores do quilate de Charles Baudelaire e Stéphane Mallarmé, que foram conquistados pelas rimas internas e pelos jogos fonéticos de “O corvo”, bem como pelo romantismo negro, pelas alegorias e pelos símbolos. Em língua portuguesa, traduções partiram da iniciativa de admiradores como Machado de Assis e Fernando Pessoa.

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Qual o maior perigo para um escritor-caçador?

Ernest Hemingway (1999-1961) adorava caçar. Na infância, eram os peixes, num grande e generoso rio, ou lago, no recanto de férias de sua família.

Foi na adolescência que se interessou pela árdua caça às palavras. Sofria para encontrá-las e depois encaixar umas nas outras. Às vezes, pareciam na mira, mas escapavam. Ele persistia. Com o tempo, tornou-se um caçador exímio. Tanto que ganhou troféus como o Nobel e o Pulitzer.

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Você sabe em que romance foi inspirado o nome quark, da física quântica?

No universo da física de partículas, o quark é um dos blocos construtores fundamentais da matéria. Murray Gell-Mann, físico nova-iorquino nascido em 1929, deu tal nome para essas partículas subatômicas em referência aos brados de escárnio que três aves marinhas enviam ao rei Mark, lá pela metade do romance Finnegans Wake, de James Joyce (1882-1941). A frase original é: “Three quarks for Muster Mark!”.

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