Zugzwang

Rodolfo Walsh estava num café de La Plata, às voltas com um tabuleiro de xadrez e um copo de cerveja, quando ouviu falar pela primeira vez sobre o caso dos fuzilamentos clandestinos que narraria depois em Operação Massacre. No prólogo definitivo do livro, reescrito algumas vezes, Walsh escreve que a partir desse momento deixou os bispos e as torres de lado para aventurar-se na “vida real”, e também no relato de não-ficção. Se é certo que com o jornalismo Rodolfo Walsh construiu outra consciência política (combativa e indignada, a serviço dos trabalhadores organizados e dos que não encontravam espaço na Justiça), não se pode dizer que depois daquela noite de La Plata, em que o xeque-mate e o gole foram interrompidos bruscamente, Walsh tenha abandonado o jogo de xadrez e o que ele representa para a sua literatura – tão ou mais poderosa do que puderam ser os seus textos políticos e jornalísticos.
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A finitude e a biblioteca

É comum, quando se discute sobre a leitura e a busca de informações na internet, nos depararmos com a ideia de que estamos diante do espaço infinito. Os hiperlinks e os verbetes fazem da pesquisa uma rede de conexões sem início e sem final; o crescimento da capacidade de armazenamento faz com que o limite para o acúmulo de dados se amplie continuamente; a pluralidade de fontes e referências faz com que não haja tema ou questão que ainda não tenha sido tocada.

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Um achado andaluz na Praça da Alfândega

A edição de 1961 de García Lorca

Sim, a Feira do Livro de Porto Alegre, como qualquer evento semelhante, pode apresentar ao transeunte umas quantas imagens repetidas: os livros em destaque nas bancas são praticamente os mesmos e não devem surpreender o caminhante que, durante o ano, já frequenta as livrarias. Mas, como escreveu Walter Benjamin, para se conhecer de verdade uma praça é preciso percorrê-la em todas as suas direções. E, em tempos de Feira, a Praça da Alfândega também exibe os seus objetos inesperados.

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Qual é a voz de meu escritor favorito?

AVISO: a postagem a seguir – em parte adaptado do site Mental Floss – vai matar a curiosidade de muitos e estragar a imaginação de alguns. São 07 + 01 gravações raras de escritores famosos, captadas em diversas situações, como shows de TV e entrevistas de rádio. Nem todos estão sóbrios – Hemingway, claro. E, nesta lista, selecionamos apenas os estrangeiros, deixando os brasileiros para uma segunda ocasião.

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