Já encontrou a sua Cocanha?

O país da Cocanha por Pieter Bruegel

A Cocanha é um lugar simbólico e utópico que representa os desejos e as aspirações de uma só pessoa ou de um povo inteiro, em determinado momento histórico. É o lugar da concretização dos desejos, da fartura, da vida digna, da juventude e da felicidade eternas. Esse país imaginário alimentou fatos importantes, como a imigração italiana para o Brasil, e também textos literários e obras pictóricas.

No Brasil, segundo Ana Boff de Godoy, em “Dicionário de figuras e mitos literários das Américas” (Ed. da UFRGS e Tomo Editorial, 2007), pelo menos em cinco manifestações literárias o tema da Cocanha se concretiza:

1) no poema de Manuel Bandeira, “Vou-me embora para Pasárgada”, em que Pasárgada configura-se como a Cocanha pessoal do eu-lírico;

2) no conjunto de livros de Monteiro Lobato, “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”, em que a fazenda de D. Benta afigura-se, em especial para Pedrinho e Narizinho, como um local de refúgio e perfeição, em que os sonhos são alcançados;

3) no livro de Aquiles Bernardi, “Vida e história de Nanetto Pipetta”, que narra as aventuras do personagem-título na “Mérica”, lugar para onde imigra, na esperança, entre outras coisas, de encontrar o “Paese della Cuccagna”;

4) no folheto de cordel de Manoel Camilo dos Santos, “Viagem a São Saruê”, que narra a viagem do poeta ao melhor país que neste mundo existe, exatamente São Saruê; e, por fim,

5) no romance de José Clemente Pozenato, “A Cocanha”, que narra a vinda, esperançosa, dos imigrantes italianos para as terras a eles destinadas no Rio Grande do Sul, no século XIX, retratando, igualmente, a posterior decepção deles com as dificuldades aqui encontradas. Cabe dizer que o romance de Pozenato, junto com “O quatrilho” e “A babilônia”, forma uma trilogia da saga da imigração italiana para o Sul do Brasil.

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