O que tem em comum os livros Almoço Nu, Crash e Cosmópolis?

Obras literárias de diferentes estilos, épocas e autores, Almoço Nu (William Burroughs, 1959), Crash (J.G. Ballard, 1973) e Cosmópolis(Don Delillo, 2003) não reúnem as qualidades mais óbvias para uma adaptação cinematográfica, mas foram transpostas para a telona através das câmeras do canadense David Cronenberg.

Nascido em Ontário, em 1943, Cronenberg foi apelidado de “Barão do Sangue” por seus filmes de horror explícito, farto em mutações, doenças e depravações. Junto do terrorunderground, David Cronenberg é também fã da arte de William Burroughs e Vladimir Nabokov, e até decidiu, no último ano de sua graduação num programa de Ciências, trocar o diploma para a área das Letras. No currículo do cineasta, filmes premiados têm a literatura como ponto de partida. Entre eles, best-sellers como A Zona Morta, de Stephen King, adaptado em 1983, mas também livros considerados “infilmáveis”, como o monumento da Geração Beat, Almoço Nu, com produção lançada nos cinemas do Brasil em 1991, sob o disparatado nome de Mistérios e Paixões.

Em 2012, o diretor apresenta sua versão de Cosmópolis, baseada no livro homônimo do americano Don DeLillo, publicado em 2003. Valendo-se dos diálogos e da atmosfera criada pelo celebrado autor deSubmundo e Ruído Branco, Cronenberg faz mais uma adaptação cinematográfica ousada de uma literatura idem – desta vez, uma odisséia em um dia na vida do bilionário Eric Packer, a caminho de um corte de cabelo, transcorrida em grande parte dentro da sua limusine.

Autoria: Moema Vilela
Doutoranda da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
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