Você sabe porque os escritores preferem os gatos? – Parte II

Muitos escritores já deram seu testemunho. De acordo com o escritor argentino Osvaldo Soriano (1943-1997) “no es posible usar al gato para nada personal, no hay manera de privatizarlos“. Os gatos são conhecidos por sua independência. Escolhem a quem amar sem levar em conta a atenção que recebem e adquirem hábitos de higiene pessoal sem que seja preciso “levá-los lá fora” para que se sintam confortáveis.

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Na trilha do musical de Chico Buarque de Hollanda, os gatos proclamam sua independência em versos bem humorados: “Nós, gatos, já nascemos pobres/ Porém, já nascemos livres/ Senhor, senhora ou senhorio/ Felino, não reconhecerás”.

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O mais rabugento dos escritores, o “pai dos beatniks” William Burroughs, conhecido pela verve sarcástica, mostra o seu lado doce e sentimental, revelando – no livro O gato por dentro – que os gatos podem ser excelentes espelhos da condição humana. Para ele, até mesmo a fúria de um gato pode ser bela.

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Para Winifred Carrière, “o gato é o espelho da mente do ser humano, da personalidade e atitudes de seu dono; da mesma maneira que o cachorro reflete a aparência física do dono“. A opinião do escritor pode ser cientificamente provada.

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Uma equipe de pesquisadores da Universidade do Texas realizou uma pesquisa entre quatro mil e quinhentas pessoas, buscando identificar características de sua personalidade, de acordo com sua preferência por cães ou gatos. Para os pesquisadores, a preferência pode ser um indicador de sua personalidade.

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Segundo os resultados alcançados pela pesquisa, as pessoas que gostam mais de gatos, tendem a ser mais introspectivas, porém, possuem maior facilidade de adaptação, pois são vanguardistas e aceitam ideias novas de forma mais rápida. Já os apreciadores de cães, tendem a ser mais extrovertidos, sociáveis.

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Dizem que, para se gostar de gatos, é preciso ter a alma livre, sem a pretensão de querer dominar sempre. De acordo com o escritor Jorge Luis Borges, os escritores são anarquistas – no sentido lato da palavra – não costumam ter horário para trabalhar e sua tarefa raramente é realizada por encomenda. Ou seja, faz o que quer. O mesmo acontece com os gatos. Para Borges, a relação entre escritores e gatos é uma aliança entre seres livres.

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Os gatos são independentes e nada oportunistas. Eles recorrem aos próprios meios e buscam seu alimento, quando não lhe é dado o que comer. Um felino escolhe seu dono e, para atrair sua atenção, não basta um “vem cá, bichano”. Ele precisa de seu tempo para decidir se gosta de alguém. Porém, após conquistada sua amizade, será amigo para sempre.

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Os gatos parecem ser a companhia ideal para os escritores. A eles, são dedicadas diversas publicações todos os anos. Em algumas delas, encontramos frases e versos notáveis. Sobre um deles, citou – em A disciplina do amor – a escritora Lygia Fagundes Telles: “Ele fixaria em Deus aquele olhar verde-esmeralda com uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a instintiva humildade do cachorro, o gato não é humilde, traz viva a memória da liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo.

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Bem, para por um ponto final sobre a questão, disse Aldous Huxley: “Se quiser escrever, arranje um gato”.

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