Estou a percorrer os corredores da biblioteca (3º pavimento; Área D; Estante 39) quando o Ernesto Sabato me olha. O fantasma do Ernesto Sabato. Ele está num escritório em preto e branco, com mesa de tampo de vidro, daqueles tampos nos quais por baixo se colocam papéis importantes, fotos da mulher amada, o escudo do time. O sol entra pela janela, a luz solar é perceptível, reflete quadriculada, em quadrados grandes, na parede. Lá fora está Buenos Aires, imagino. Um telefone antigo, de discar. Um cinzeiro. Ali é o escritório do escritor, eu sei, dá pra sentir. Na parede, um calendário, talvez 1956, fotos, um diploma provavelmente. E uma placa com alguns dizeres impossíveis de ler.