Você me dá sua palavra?

Depois da detenção de um prefeito em Macapá, onde Élida Tessler tinha sido convidada para participar de um evento cultural, a artista encontrou o centro cultural fechado, os funcionários que a contataram todos ocupados com a situação política. O evento não podia mais ser realizado conforme tinha sido planejado. Para o motorista de taxi que a buscou no aeroporto, Élida Tessler perguntou por que o prefeito tinha sido preso. “Ele faltou com a palavra”, disse o homem. Ela foi até um atacado e voltou munida dos prendedores de roupa com que começou a obra Você me dá a sua palavra? Nela, a artista pede para que o interlocutor escreva, num prendedor de roupas de madeira, uma palavra de sua língua materna. As palavras são expostas em um único fio, que já exibiu suas memórias por Porto Alegre, Vitória, Petrópolis, São Paulo, Porto, Paris, Melbourne, Santiago do Chile, Umbertide, entre outras palavras que se chamam cidades.

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Lembranças do Brasil em cartões postais

Livro Lembranças do Brasil

Houve uma “Época de Ouro” do cartão-postal, quando era moda trocá-los. Os postais eram concebidos como peças artísticas. As cidades retratadas também passavam por ambiciosos processos de modernização nos quais, no entanto, a estética superava a funcionalidade. Tal período é retratado em Lembranças do Brasil, de João Emílio Gerodetti e Carlos Cornejo (Editora Solaris).

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Você seria amigo de Humbert Humbert?

Cena do filme Lolita com Humbert Humbert

Em abril desse ano, uma reação da escritora Claire Messud iniciou uma discussão sobre a aprazibilidade dos personagens de ficção. Na divulgação de um novo romance, The Woman Upstairs, Messud foi questionada pelo Publisher Weekly se ela gostaria de ser amiga de Nora, sua protagonista aparentemente controlada e agradável no exterior, mas bastante raivosa na intimidade. A pergunta foi feita após a declaração de que a entrevistadora não gostaria, e Messud respondeu com ênfase:

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Uma coluna com portas de geladeira

Gosto de pensar no grupo de pesquisa Limiares Comparatistas e Diásporas Disciplinares: Estudo de Paisagens Identitárias na Contemporaneidade como os cavaleiros da távola retangular. Que se reúnem ao cair da tarde de sexta-feira para discutir literatura. Que nos abre outros horizontes, enquanto o horizonte (estamos no sétimo andar da biblioteca) também nos seduz. Principalmente agora, que é outono.

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