Zugzwang

Rodolfo Walsh estava num café de La Plata, às voltas com um tabuleiro de xadrez e um copo de cerveja, quando ouviu falar pela primeira vez sobre o caso dos fuzilamentos clandestinos que narraria depois em Operação Massacre. No prólogo definitivo do livro, reescrito algumas vezes, Walsh escreve que a partir desse momento deixou os bispos e as torres de lado para aventurar-se na “vida real”, e também no relato de não-ficção. Se é certo que com o jornalismo Rodolfo Walsh construiu outra consciência política (combativa e indignada, a serviço dos trabalhadores organizados e dos que não encontravam espaço na Justiça), não se pode dizer que depois daquela noite de La Plata, em que o xeque-mate e o gole foram interrompidos bruscamente, Walsh tenha abandonado o jogo de xadrez e o que ele representa para a sua literatura – tão ou mais poderosa do que puderam ser os seus textos políticos e jornalísticos.
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