O romance de estreia de Jeferson Tenório

“Esse jovem narrador apresenta liricamente e cruelmente um rol de personagens que permaneceram fora da festa da vida, pois são seres-refugo normalmente invisíveis devido às táticas de amnésia social que permeiam o nosso analfabetismo afetivo contemporâneo”, escreve o professor da Faculdade de Letras da PUCRS Ricardo Barberena na apresentação do romance O Beijo na parede, de Jeferson Tenório. O livro, a estreia de Tenório, transporta o leitor para o mundo João, um menino de 11 anos, que narra suas dores e desamparos. Na entrevista a seguir, o autor reflete sobre sua criação.

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André Sant’Anna, que seria qualquer coisa, menos escritor

O seu pai é escritor. Você o vê diariamente num quarto, sentado à máquina de escrever, ignorando a beleza do dia lá fora. O seu pai está lutando para transformar em livros, em contos, principalmente, as boas ideias que teve. Que escrever é isso: o legal é na hora que se tem a ideia, fica-se feliz com ela. Depois é trabalho, muito, você vê o seu pai lá, quieto, só o barulho de suas mãos ao datilografar, ele parece deprimido e você pensa que aquilo não é para você.

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Os sósias de Hemingway

Aqueles cabelos brancos, quase brilhantes. O tronco forte, de touro. O bigode não pode faltar e nem a cara ser delgada, como a de Drummond; é preciso ser um rosto quadrado. Se você já viu um sósia de Ernest Hemingway (1899-1961), pode indicar o tradicional concurso da Flórida que elege todo ano o melhor sósia do autor de O Velho e o Mar. É o “Papa Hemingway Look-Alike Contest”, que este ano aconteceu de 18 a 20 de julho no Sloppy Joe’s Bar, um dos bares preferidos do escritor em Key West.

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Uma entrevista quase real com Edward Albee

Num dia de primavera em 2007, Edward Albee – autor de clássicos da dramaturgia estadunidense como “Zoo Story” e “Quem tem medo de Virginia Woof”? e “Três mulheres altas” – foi até o Museu de Arte Moderna de Nova York para conversar com alguns estudantes do último ano do Ensino Médio. Eram jovens que pretendiam seguir a carreira de escritores e que foram selecionados para o programaYoungArts. O encontro foi relatado numa reportagem do The New York Times. Da reportagem eu montei a entrevista a seguir, que por isso é parcialmente real (e, em conseqüência, parcialmente fictícia):

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Concurso literário pra quê?

Nascido em Santa Vitória do Palmar (RS), o escritor Guilherme Castro, ganhador do 21º Concurso de Contos Luiz Vilela e menção honrosa no 24º Concurso de Contos de Araçatuba, conta que chegou aos concursos literários seguindo uma lógica bastante comum à formação acadêmica e profissional dele, o Direito. “Na minha área, o povo é muito ‘concurseiro’. Eu também. Quando escrevi meu primeiro conto, coloquei o ponto final e já fui procurar no Google se existiam concursos literários”. Descobriu que existem, e em número cada vez maior, como o leitor pode conferir em sites dedicados a reunir os editais para escritores de língua portuguesa, exemplo do conhecido Concursos Literários.

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Ser Reginaldo Pujol Filho (em 2013)

Em Quero ser Reginaldo Pujol Filho (2010), dez narrativas recriam a voz de ícones literários, como Miguel de Cervantes e Machado de Assis – e também Ítalo Calvino, Luís Fernando Veríssimo, Amilcar Bettega, Altair Martins… Depois de publicar Azar do personagem e organizar a antologia Desacordo ortográfico (2007 e 2009), Reginaldo Pujol Filho dedicou o segundo livro de contos a se contaminar expressamente dos autores admirados para propor leituras (e escrituras) próprias. Em 2013, ele finaliza o primeiro romance, provisoriamente chamado de O livro acaba aqui. Para o autor, a experiência resultou totalmente diferente do processo de escrita de contos, que por vezes exige ao escritor que se afaste do livro entre um conto e outro, “para não escrever sempre o mesmo”. Ao trabalhar no romance, lembrou-se do que aprendeu com Charles Kiefer: escrever coisas pela metade e depois continuar é como pintar uma parede, se pintar metade hoje e metade semana que vem, a marca vai ficar visível. “Então me senti obrigado a continuar e continuar com uma rotina de bater-ponto (mas sem salário) até encontrar um primeiro ponto final”.

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Um livro que você precisa ler o mais rápido possível

Ouvi falar de Jamil Snege com a ênfase que, descobri depois, costuma acompanhar seus entusiásticos leitores: “é um grande livro, um dos meus preferidos no mundo, tu precisa ler o mais rápido possível”, disse-me sobre Os verões da grande leitoa branca Cristiano Baldi, escritor e publicitário como Snege. Autor de onze livros publicados por conta própria e por editoras pequenas de Curitiba, Jamil Snege é ainda pouco conhecido fora de um circuito restrito de leitores que tiveram as graças de conseguir uma dessas suas obras, esgotadas, que hoje chegam a custar R$ 400 reais no garimpo dos sebos brasileiros.

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