A Pró-Reitoria Acadêmica/PROACAD e a Biblioteca Central informam a assinatura de uma nova coleção de livros eletrônicos denominada: Biblioteca Virtual Universitária da Pearson (BVU).
Esta coleção disponibiliza à comunidade da PUCRS o acesso a mais de 2.000 títulos de livros em língua portuguesa de diversas áreas do conhecimento.
Sou dos que escrevem como quem assobia no escuro: falando do que me deslumbra ou assusta desde criança, dialogando com o fascinante – às vezes trevoso – que espreita sobre nosso ombro nas atividades mais cotidianas. Fazer ficção é vagar à beira do poço interior observando os vultos no mundo, misturados com minha imagem refletida na superfície, assim a Lya Luft discorre sobre seu ofício em O rio do meio (1996).
“Creio que o essencial é saber que não é preciso ou necessário uma história na história. No fundo é apenas a divagação, o pensamento que importa”. São palavras iniciais da estreia literária de Ryan Mainardi, Palimpsesto – cujo narrador, também Ryan Mainardi, faz jus a essa reflexão em 226 páginas de divagações sobre a literatura, a vida, a escrita, as mulheres. Natural de Sobradinho, aluno reincidente de Letras na PUCRS, Ryan Mainardi escreveu Palimpsesto nos 365 dias de 2010, alguns meses depois que chegou a Porto Alegre para estudar. “Foi importante eu escrever este romance pra me desafiar, provar que eu podia escrever algo mais longo, com fôlego. Ele também retrata um momento muito delicado da minha vida, que foi a ambientação à metrópole. Acho que isso aparece no romance”.
24Hoje eu sonhei que era o Jeffrey Steingarten. Acordei no meio da noite, logo após o sonho, e tinha certeza de que era ele. Sabe aquele momento nem desperto nem dormindo? Eu era o Jeffrey Steingarten quando ele era advogado – ele foi advogado antes de virar colunista da Vogue estadunidense, antes de reunir as colunas, na verdade são crônicas de suas descobertas gastronômicas, em O homem que comeu de tudo, aliás, um título muito bom, eu queria ter pensado nesse título antes.
Era uma época em que “fumava-se até dentro das igrejas”, não que o cigarro seja importante para essa historinha, ou melhor, historieta; mais justo seria dizer que era um tempo em que o Charles Kiefer era jovem e o Mario Quintana ainda marcava ponto, “o cigarro entre os lábios”, no redação do Correio do Povo.
Um experimento do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) levou ao pé da letra a ideia de que, na leitura, entramos na pele do personagem e com ele criamos as mais inesperadas empatias. Um grupo de pesquisadores do instituto desenvolveu uma roupa que, vestida pelo leitor, oferece sensações correspondentes às do protagonista dos livros. São experiências mecânicas e sensoriais que incluem manipulação da temperatura, da iluminação e do som e são enviadas pela veste ao corpo do leitor na medida em que o aparato reconhece a página em que ele está. Mudança de batimento cardíaco, constrição da respiração e do corpo pela pressão de airbags e flutuação de temperatura estão entre as transformações de estado físico e emocional do personagem que são codificadas e retransmitidas.
Eu costumava apresentar, aqui na PUCRS, na Faculdade de Letras, um evento chamado Curta um Conto, no qual se exibia um curta-metragem baseado na obra de certo escritor e em seguida eu entrevistava o diretor. Numa ocasião, perguntei ao Gilberto Perin (que falava sobre seu curta A visita, baseado no Caio Fernando Abreu):