Paulo Thomas Mann, Julia e Amyr Klink em Paraty

Em linguagem ufanista, poder-se-ia dizer que Thomas Mann (1875-1955) também é brasileiro. Trocando em miúdos: a mãe do autor de A montanha mágica, Julia da Silva Bruhns, nasceu no Brasil, tendo nomeado o Nobel de Literatura de 1929 de Paulo Thomas, e o irmão, o escritor Heinrich Mann, de Luís Heinrich Mann. A casa colonial onde Julia morou até os sete anos, Engenho Boa Vista, está localizada em Paraty e é hoje propriedade do navegador Amyr Klink. Há anos, ela é motivo de disputa entre o proprietário e a família alemã, que desejava construir no local um centro cultural dedicado ao escritor.

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Tatiana Belinky e o fim de uma história boa

Uma das grandes autoras de livros infanto-juvenis no Brasil, advogada da Emília como maior heroína da literatura, Tatiana Belinky morreu no último dia 15 de junho, aos 94 anos. Há menos de três, entrara para a Academia Paulista de Letras, reconhecimento de seu legado de mais de 250 livros voltados para os pequenos. Sua estréia, em 1987, foi com Limeriques, de poesia, inspirados nos limericks populares na literatura inglesa.

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Manuel Bandeira, organizador de antologias

Na década de 1940, foi publicada a primeira edição brasileira de uma antologia de poesia organizada por Manuel Bandeira (1968-1886), encomendada inicialmente por uma editora mexicana. Sob o título de Apresentação da poesia brasileira, a obra traz um ensaio de Bandeira e uma seleção de poetas e obras, organizada por períodos históricos e por temas. A partir de José de Anchieta, os poetas selecionados são agrupados em categorias, apresentados como poesia religiosa, nativista, social, popular, existencial.
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Um ex-teatro em Buenos Aires

A sensação é de estar em um teatro, só que na platéia há estantes de livros em vez de poltronas. A livraria El Ateneo (Av. Santa Fe, 1.860) funciona no antigo prédio do teatro e cinema Grand Splendid, de 1919. A adaptação do espaço se manteve fiel à estrutura da casa de espetáculos. A cúpula, ornamentada com temas pacifistas que remetem à Primeira Guerra Mundial, continua lá. Só que agora ela protege os cerca de 100 mil títulos de livros e 10 mil de CDs que fazem da El Ateneo uma das maiores livrarias da América Latina. Dá para escolher um livro e ficar lendo enquanto se toma um “cortado” (o café com leite argentino) no La Imprenta, o café que funciona no antigo palco.

Autoria: Luís Roberto Amabile
Doutorando da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
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A testemunha, e o testemunho, de Ernesto Sabato

Estou a percorrer os corredores da biblioteca (3º pavimento; Área D; Estante 39) quando o Ernesto Sabato me olha. O fantasma do Ernesto Sabato. Ele está num escritório em preto e branco, com mesa de tampo de vidro, daqueles tampos nos quais por baixo se colocam papéis importantes, fotos da mulher amada, o escudo do time. O sol entra pela janela, a luz solar é perceptível, reflete quadriculada, em quadrados grandes, na parede. Lá fora está Buenos Aires, imagino. Um telefone antigo, de discar. Um cinzeiro. Ali é o escritório do escritor, eu sei, dá pra sentir. Na parede, um calendário, talvez 1956, fotos, um diploma provavelmente. E uma placa com alguns dizeres impossíveis de ler.

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Três volumes de Antonio Cicero

Antonio Cicero, poeta e ensaísta, começou a ter a arte reconhecida através da voz de músicos. Nascido no Rio de Janeiro e formado em filosofia na Universidade de Londres, Cicero teve a primeira canção musicada pela irmã, Marina Lima, no final dos anos 1970. De “Canção da alma caiada” em diante, as muitas parcerias com Marina Lima fizeram de Cicero um letrista consagrado, convidado para trabalhos com músicos do quilate de João Bosco e Adriana Calcanhoto.

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O Altair, o Tezza, o Ruffato e eu

Em 2011, no meu segundo ano em Porto Alegre, fui colega do Altair Martins numa disciplina do mestrado da PUC. Colega modo de dizer. Para mim o Altair era uma ave que se sustentava no ar, com as asas abertas, sem que parecesse agitá-las. Eu o olhava, escutava com atenção as suas intervenções, mas nem no intervalo interagia com ele. Afinal, vim para Porto Alegre cursar uma oficina literária (fui ficando) e o Altair, pouco mais velho do que eu, já era professor de oficinas, além dos prêmios…

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