Você já leu um miniconto?

Definido como um conto muito pequeno, o miniconto costuma ser associado ao minimalismo. Sua principal característica é a concisão, em que os fatos ficam subentendidos, cabendo ao leitor, muitas vezes, preencher as indeterminações do enunciado. Augusto Monterroso (1921-2003), guatemalteco, é um dos escritores mais representativos das narrativas breves e hiperbreves. O humor e a ironia são marcas características do autor; em uma de suas obras, “La oveja negra y demás fábulas”, é possível ler o seguinte miniconto:

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Você sabe o que foi o “Sturm und drang”?

Tratou-se de um movimento literário ocorrido na Alemanha no final do século XVIII. O nome, que pode ser traduzido como “tempestade e ímpeto”, deriva da peça homônima de Friedrich Klinger (1752-1831). Estendendo-se a outros setores da cultura, o “Sturm und drang” era marcado por combater a influência francesa na cultura alemã. Seus seguidores resgataram a poesia da Bíblia, de Homero e do folclore nacional, deixando de lado o preciosismo da métrica da poesia francesa. Opondo-se ao Classicismo, a essência do movimento consistiu na criação baseada no impulso irracional, característica comum às estéticas românticas. Além de Klinger, destacaram-se nomes como os de Johan von Goethe (1749-1832), Jacob Lenz (1751-1792) e Friedrich Schiller (1759-1805).

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O que é um anti-herói?

Trata-se de uma expressão utilizada em oposição ao conceito de herói. A personagem anti-heroica, em contraposição ao protagonista idealizado, caracteriza-se por ser desprovida das qualidades e virtudes geralmente atribuídas à figura ficcional central. Um exemplo de “anti-herói” clássico da literatura brasileira é Macunaíma, de Mário de Andrade. Não por acaso, o romance tem, como subtítulo, a expressão “herói sem nenhum caráter”. Iniciada de modo irônico – “No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite” –, a narrativa apresenta um protagonista híbrido (mistura de branco, negro e índio), cuja frase característica é: “Ai que preguiça!”. Continue lendo ›

Você conhece Marcelo Gama?

Marcelo Gama é o pseudônimo literário de Possidônio Cezimbra Machado, nascido em Mostardas, cidade litorânea do Rio Grande do Sul, no dia 3 de março de 1878. O poeta, dramaturgo e jornalista morreu no Rio de Janeiro, a 7 de março de 1915, depois de cair de um bonde, no bairro Engenho Novo. Pouco conhecido, até porque “Via sacra”, sua obra máxima, de 1902, está fora do mercado editorial desde 1944, é um dos grandes poetas simbolistas do Estado, autor de uma poesia inovadora para a época, tanto que Donaldo Schüler, em “A poesia no Rio Grande do Sul”, aponta: “Habituados ao discurso grandiloquente de tantos poetas rio-grandenses, soam com agradável surpresa os versos serenos de Marcelo Gama na virada do século” (Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987. p. 99). Realmente, Gama traz uma lufada inovadora não só para a poesia regional, mas para a brasileira. O autor foge dos clichês gauchescos, buscando um poesia de dicção cosmopolita, em que há a presença de um “eu” bastante marcado, que se debate constantemente entre se adequar aos padrões sociais vigentes ou assumir o caminho da marginalização que a vida de artista impõe aos que por ela seguem.

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Você conhece Juó Bananére?

Juó Bananére é o pseudônimo literário do engenheiro, poeta e jornalista Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, sendo um dos autores mais populares do Pré-Modernismo brasileiro. Nasceu em Pindamonhangaba/SP, a 11 de abril de 1892, e faleceu em São Paulo, de anemia perniciosa, aos 41 anos, a 22 de agosto de 1933. Formou-se em Engenharia na Faculdade Politécnica da USP, em 1917, mas sua fama se deve ao trabalho como jornalista e poeta. Começou escrevendo artigos para “O Estado de S. Paulo”, e em 1911 adota o pseudônimo que o deixaria famoso, integrando a equipe de articulistas do tabloide “O Pirralho”, dirigido por Oswald de Andrade. Um dos grandes achados de Bananére foi a criação de uma “língua macarrônica”, que parodia a fala inculta da primeira leva de imigrantes italianos aqui chegados, misturando códigos ortográficos dos idiomas português e italiano e inventando palavras. Em “O Pirralho”, com suas crônicas, o autor contribuiu para a discussão das relações políticas e sociais do país e se envolveu em polêmicas, como a que teve com Olavo Bilac, a qual levou Alexandre Marcondes a sair do jornal, em 1915.

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Machado falava da escravidão em seus textos?

Embora muitos acusem o grande escritor brasileiro, o mulato Machado de Assis, de pouco abordar a chaga maior da sociedade brasileira do século XIX, a escravidão, o autor carioca, à sua maneira, tocou sim no assunto, em contos, crônicas e romances. Por exemplo, contos como “Mariana”, “O caso da vara” e “Pai contra mãe” tratam de escravos fugidios e as ações e reações que sobre eles se desencadeiam por causa desse ato; especialmente o último vale a pena ser lido, por ser um dos mais belos contos machadianos, mostrando o impasse de Cândido Neves, que tinha como ofício ser um “pegador” de escravos: em dificuldades, vê na possibilidade de capturar uma escrava grávida fugida a chance de solucionar, temporariamente, os problemas financeiros que circundam a sua família. Já em “Memórias póstumas de Brás Cubas”, no capítulo LXVIII, “O vergalho”, o personagem-título vê um “preto que vergalhava outro na praça”; o negro que dava as chibatadas era, para surpresa de Brás Cubas, um antigo escravo seu, Prudêncio, que havia sido alforriado alguns anos antes. É uma passagem pequena, até porque Brás gosta “dos capítulos alegres”, mas mostra, com engenhosidade e sutileza, que a escravidão instituía um círculo vicioso de violência no Brasil.

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Você já leu poemas africanos de língua portuguesa?

Algumas das literaturas que mais têm se destacado no mundo dos países lusófonos são as das nações africanas de expressão portuguesa: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde. Muitos dos romancistas e poetas contemporâneos mais lidos e discutidos nos cursos de Letras do Brasil são Craveirinha, Luandino Vieira, Pepetela, Mia Couto, José Eduardo Agualusa, Paulina Chiziane, Paula Tavares e Noémia de Sousa, entre muitos outros nomes. Donos de uma dicção particular, levando em conta, é claro, as especificidades próprias a cada país, esses autores fazem uma literatura de muita qualidade, como os trechos abaixo deixam entrever:

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Você já acessou www.poetryarchive.org?

Trata-se de um site inglês que oferece a oportunidade de o visitante ouvir alguns poemas na voz de seus próprios autores. Dessa forma, é possível ter uma idéia de qual a entonação desejada pelo poeta ao criar o poema. Escrito em inglês, tendo como endereço eletrônico http://www.poetryarchive.org/, o site apresenta, entre outros, versos de W. H. Auden, T. S. Eliot, Sylvia Plath, W. B. Yeats, Elizabeth Bishop e Dylan Thomas, além de algumas criações de Harold Pinter, dramaturgo, e Margaret Atwood, romancista. O site também disponibiliza, para quem se interessar, a compra de alguns CDs, mas a audição de dois ou três poemas de cada autor é gratuita.

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