Minicontos máximos

Do haicai ao dinossauro de Augusto Monterroso, a narrativa brevíssima tem uma história longa. Com a internet e redes sociais como o Twitter, as variações e definições chegaram a um grau de sutileza que haja quem reconheça diferenças entre narrativas com até 50 letras (nanocontos), até 100 letras (microconto) ou com a abundância de 150 letras (miniconto).

No Brasil, em 2004, o escritor Marcelino Freire organizou a antologia Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século. Com prefácio de Ítalo Moriconi, organizador de Os cem melhores contos brasileiros do século, a obra trouxe autores como Dalton Trevisan, Modesto Carone, Sérgio Sant’Anna, Glauco Mattoso, Cíntia Moscovich, Ivana Arruda Leite, entre muitos, em cem narrativas de até 50 letras. Millôr Fernandes, com a irreverência característica, usou seu direito às palavras se valendo apenas de doze toques, com um baita título:

Emocionante relato do encontro de Teodoro Ramirez, comandante de um navio misto, de carga, passageiros e pesca, do Caribe, no momento em que descobriu que a bela turista inglesa era, na verdade, uma perigosa terrorista cubana, que tentava penetrar num porto do Sul da Flórida, para dinamitar a alfândega local, e procurou forçá-la a favores sexuais.
— Capitão, tem que me estuprar em 1/2 minuto; às 8, seu navio explode.

Autoria: Moema Vilela
Doutoranda da Faculdade de Letras / PUCRS

Colaboração:
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