O processo de produção de Zero

Zero, de Ignácio de Loyola Brandão, foi publicado pela primeira vez em 1974… na Itália. Escrito durante e sobre a ditadura de 1964 no Brasil, o romance conseguiu ser publicado pela pequena editora Brasília/Rio em 1975, para ser censurado em seguida pelo Ministério da Justiça.

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Mais intricada do que a publicação do livro é a sua produção. Jornalista, Loyola coletava tudo que proibia o censor instalado na redação da Última Hora, fotos, entrevistas, reportagens, notícias. Com o tempo e as gavetas cheias, levou tudo para o apartamento e começou a trabalhar nesses recortes. Como ele próprio conta em entrevistas e em anexos editoriais à obra, conectou os fragmentos censurados a um conto que elaborou para uma antologia a ser organizada por Plínio Marcos. Encorajado por amigos, durante dez anos e por mais de duas mil páginas, Loyola foi dando forma ao que viria a ser um grande romance de geração – não só em termos sociais e literários, mas também literais: a primeira versão do romance tinha 800 páginas.

Depois de um abaixo-assinado que reuniu nomes como Antônio Houaiss e Otto Maria Carpeaux e de ter figurado em edições na Europa, Zero foi publicado no Brasil em 1979, com a Lei da Anistia.

Autoria: Moema Vilela
Doutoranda da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
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