O que de Maupassant tinha a dizer sobre o romance?

O ano era 1888 e Guy de Maupassant publicava em livro o romance Pierre e Jean, que já havia sido lançado, no ano anterior, em forma de folhetim, e na ocasião, não fora considerado pelos críticos “um romance propriamente dito”.

Maupassant – grande contista e um dos mais famosos escritores franceses da segunda metade do século 19 – escreve então um prefácio ao livro. O “Etude sur le roman” nasceu justamente para responder aos críticos de suas incursões na arte romanesca.

O autor se pergunta: “existem regras para se escrever um romance, fora das quais o texto deve ganhar outra classificação?”. Adepto fiel do realismo/naturalismo, ele ressalta que não conta uma história para divertir, mas para fazer pensar e “compreender o sentido profundo e escondido dos acontecimentos”. Seus objetivos declarados eram: “mostrar a verdade, nada mais do que verdade e toda a verdade”, “dar uma imagem exata da vida”.

Por fim, Maupassant faz uma diferenciação entre o “romancista de ontem”, que “escolhia e contava as crises de seus personagens, os estados angustiados da alma e do coração” e o “romancista de hoje”, que “escreve a história do coração, da alma e da inteligência em seu estado normal”. A habilidade desse romancista não será, então, trabalhar com a emoção, a aventura, os fatos grandiosos, mas sim com o “agrupamento de fatos banais, mas constantes, do quais se tirará o sentido da obra”.

Há uma tradução brasileira recente de “Etude sur le roman” disponível aqui.

Autoria: Luís Roberto Amabile
Doutorando da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
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