Textos elaborados por alunos da pós-graduação da Faculdade de Letras da PUCRS.
Em Quero ser Reginaldo Pujol Filho (2010), dez narrativas recriam a voz de ícones literários, como Miguel de Cervantes e Machado de Assis – e também Ítalo Calvino, Luís Fernando Veríssimo, Amilcar Bettega, Altair Martins… Depois de publicar Azar do personagem e organizar a antologia Desacordo ortográfico (2007 e 2009), Reginaldo Pujol Filho dedicou o segundo livro de contos a se contaminar expressamente dos autores admirados para propor leituras (e escrituras) próprias. Em 2013, ele finaliza o primeiro romance, provisoriamente chamado de O livro acaba aqui. Para o autor, a experiência resultou totalmente diferente do processo de escrita de contos, que por vezes exige ao escritor que se afaste do livro entre um conto e outro, “para não escrever sempre o mesmo”. Ao trabalhar no romance, lembrou-se do que aprendeu com Charles Kiefer: escrever coisas pela metade e depois continuar é como pintar uma parede, se pintar metade hoje e metade semana que vem, a marca vai ficar visível. “Então me senti obrigado a continuar e continuar com uma rotina de bater-ponto (mas sem salário) até encontrar um primeiro ponto final”.
Ouvi falar de Jamil Snege com a ênfase que, descobri depois, costuma acompanhar seus entusiásticos leitores: “é um grande livro, um dos meus preferidos no mundo, tu precisa ler o mais rápido possível”, disse-me sobre Os verões da grande leitoa branca Cristiano Baldi, escritor e publicitário como Snege. Autor de onze livros publicados por conta própria e por editoras pequenas de Curitiba, Jamil Snege é ainda pouco conhecido fora de um circuito restrito de leitores que tiveram as graças de conseguir uma dessas suas obras, esgotadas, que hoje chegam a custar R$ 400 reais no garimpo dos sebos brasileiros.
O recém-publicado Recortes para álbum de fotografia sem gente (Editora Modelo de Nuvem) marca a estreia de Natalia Borges Polesso. O livro foi contemplado no edital Financiarte, voltado para arte e cultura de Caxias do Sul, cidade da escritora. Na entrevista a seguir, Natalia, que também cursa doutorado em Teoria da Literatura na PUCRS, fala um pouco sobre a obra e revela suas influências.
Uma exposição no Itaú Cultural destacou, neste mês, o trabalho Mário de Andrade na gestão pública. Escritor, intelectual-chave no modernismo brasileiro, o autor de Macunaíma também foi diretor do Departamento de Cultura da Municipalidade de São Paulo nos anos 1930, um equivalente à Secretaria de Cultura de hoje, desenvolvendo uma política em que se destacava a preservação do patrimônio cultural nacional e o olhar para a cultura popular e a erudita.
Se você é um adepto do turismo literário, talvez tenha uma foto com os famosos leões de mármore na escadaria em frente à Biblioteca Pública de Nova York e talvez até tenha feito o tour do local. E tenha ouvido do guia que em 1895 a principal cidade estadunidense contava com duas bibliotecas principais, a Astor e a Lenox. Ambas eram privadas e passavam por dificuldades financeiras. Fizeram então um acordo com administração pública. Aceitaram ser incorporadas por uma instituição criada para isso. A instituição seria privada, mas receberia dinheiro público – desde que o acesso aos livros fosse gratuito e aberto a todos. O modelo deu certo e prevalece até hoje.
Em linguagem ufanista, poder-se-ia dizer que Thomas Mann (1875-1955) também é brasileiro. Trocando em miúdos: a mãe do autor de A montanha mágica, Julia da Silva Bruhns, nasceu no Brasil, tendo nomeado o Nobel de Literatura de 1929 de Paulo Thomas, e o irmão, o escritor Heinrich Mann, de Luís Heinrich Mann. A casa colonial onde Julia morou até os sete anos, Engenho Boa Vista, está localizada em Paraty e é hoje propriedade do navegador Amyr Klink. Há anos, ela é motivo de disputa entre o proprietário e a família alemã, que desejava construir no local um centro cultural dedicado ao escritor.
Antes mesmo do lançamento, Fingidores, o terceiro livro de Rodrigo Rosp, mereceu um texto elogioso assinado pelo escritor e professor da PUCRS Charles Kiefer no Zero Hora. Rosp, que neste ano começou o mestrado em Escrita Criativa na PUCRS, faz literatura para fazer rir. A seguir, ele fala um pouquinho sobre o livro e sobre seu estilo de escrita.
Uma das grandes autoras de livros infanto-juvenis no Brasil, advogada da Emília como maior heroína da literatura, Tatiana Belinky morreu no último dia 15 de junho, aos 94 anos. Há menos de três, entrara para a Academia Paulista de Letras, reconhecimento de seu legado de mais de 250 livros voltados para os pequenos. Sua estréia, em 1987, foi com Limeriques, de poesia, inspirados nos limericks populares na literatura inglesa.