“Antônio Chimango” é um poema narrativo escrito por Amaro Juvenal, pseudônimo do político Ramiro Barcelos (1851-1916). Publicado em 1915, seu alvo direto é Antônio Augusto Borges de Medeiros, governador (à época, chamado de presidente) do Rio Grande do Sul, pertencente ao Partido Republicano Rio-Grandense. Ramiro Barcelos escreveu o “poemeto campestre”, entre outros motivos, por causa do apoio de Borges de Medeiros à candidatura de Hermes da Fonseca ao Senado da República, em detrimento da candidatura do próprio Barcelos.
O texto constitui-se de 213 sextilhas, num total de 1.278 versos, que se distribuem em cinco rondas, ou cantos, que se dividem em duas instâncias narrativas: na primeira, um narrador em terceira pessoa conta episódios que envolvem tropeiros, em especial o Tio Lautério, velho gaúcho; na segunda, Lautério assume a narração, para contar a vida de Antônio Chimango (na verdade, Borges de Medeiros), sujeito fraco, mesquinho, covarde – ou seja, um anti-herói, um antigaúcho.
Devido à força de Borges de Medeiros (governou o Estado de 1898 a 1928, o equivalente a cinco mandatos), a sátira política foi publicada clandestinamente e sob pseudônimo. No entanto, caiu no gosto do público, por seus versos ao mesmo tempo ácidos e divertidos, além de serem de fácil memorização, o que contribuiu para que muita gente, em todo o Rio Grande do Sul, saiba trechos inteiros do poema de cor. A popularidade da obra constata-se também pelas suas sucessivas edições; hoje, o livro pode ser encontrado no catálogo da editora Martins Livreiro.
Faculdade de Letras / PUCRS