Alguns escritores escolheram como tema de suas narrativas a pintura. Não apenas imagens bucólicas ou alegres, mas imagens sinistras, repletas de mistérios. Edgar Allan Poe (1809-1849) escreveu “O retrato ovalado”, conto em que o protagonista, um pintor, exaure a vida da amada em busca da perfeição. Ela servira de modelo para o marido, que exigia a realidade completa em traços e cores. A última pincelada no quadro coincidiu com o último suspiro da moça, que não saía mais de seu posto à frente do pintor.
“O retrato” obra de Nicolai Gogol (1809-1852) é a narrativa de um agiota que, próximo à morte, encomenda o seu retrato a um pintor. Toda a maldade praticada pelo agiota acaba por fixar-se no quadro, que adquirindo vida, incita as pessoas a uma existência repleta de atos inconsequentes. O próprio pintor do quadro termina sendo vitima dele.
Oscar Wilde (1854-1900) criou o mais sinistro dos quadros. “O retrato de Dorian Gray” é a historia de um jovem que desejando nunca envelhecer pactua com algo sobrenatural que lhe concede a juventude eterna. Porém, a eterna juventude cobra-lhe o preço de perder a pureza de sua alma. Assim, Dorian irá se envolver em uma vida de perversidades e vilanias, buscando refúgio no ópio. Enquanto isso, seu retrato, mantido em segredo num cômodo isolado de sua casa, passará a sofrer alterações e revelará a verdadeira face de Dorian Gray.
As três obras podem nos fazer refletir ainda hoje sobre os reais valores que regem nossa sociedade. Bem como, questões de estética e realismo, tão discutidas no âmbito da criação artística.
Faculdade de Letras / PUCRS