Em meados do século XIX, as grandes discussões sobre literatura no Rio Grande do Sul eram orientadas pelo grupo do “Partenon Literário”, Sociedade que surgiu em Porto Alegre, aberta aos intelectuais da província de São Pedro.
A fundação da Sociedade Partenon Literário marcou o ano de 1868 como a data definitiva da história da literatura gaúcha.
Este grupo de romancistas, poetas, professores e jornalistas movimentou o panorama cultural gaúcho, chegando a se envolver em questões da vida social como a luta aberta contra a escravidão. A sociedade patrocinou conferências, debates, cursos de alfabetização de adultos e inaugurou uma biblioteca dedicada à filosofia, história e literatura.
O grupo também produziu uma revista, que seria o mais importante veículo de circulação do debate cultural gaúcho do período.
O Partenon Literário fundou, junto com sua revista, uma “Comissão de crítica”, pois achava conveniente estimular entre os próprios agregados o gosto pelo ensaio crítico. Contava com a liderança do maior romancista gaúcho do momento, Caldre Fião, que já havia publicado a Divina pastora (1847) e O corsário(1851).
Animado pelo professor Apolinário Porto Alegre, seu mentor, o grupo inaugurou o momento de reflexões mais profundas sobre os temas da literatura e estabeleceu um circuito que fez circularem as ideias e as obras dos autores gaúchos.
É importante notar que a sua atuação não se restringe ao tempo de efetivo funcionamento da sociedade. Suas atividades neste período – de 1869 até 1879 – iriam produzir reflexos nas realizações culturais da região mesmo depois de seu encerramento, tendo merecido de Flávio Loureiro Chaves o reconhecimento como a melhor expressão da vida mental do Rio Grande do Sul até o final do século XIX.
Os textos escritos pelos pioneiros da crítica literária gaúcha têm em comum o desejo de preservar o ideal romântico de nacionalidade, o qual visava apropriar-se da natureza como o grande símbolo para representar o local e estabelecer um modelo original, que não permitisse a imitação da literatura portuguesa.
Em junho de 1869, no editorial de primeiro aniversário da Sociedade, a revista propôs a história do Rio Grande do Sul como fonte para o exercício literário. As posições defendidas pelo grupo dos partenonistas reafirmaram o interesse do Rio Grande do Sul na participação dos temas nacionais daquele momento. A revista do Partenon Literário foi o fórum para estabelecer os elementos a serem aproveitados pelos escritores como bases para forjarem a literatura gaúcha, inspirando-se em temas enfatizados pela crítica romântica: natureza, história, lendas e costumes, mas tornando literária a paisagem da campanha e fazendo dela seu palco.
Os textos dos nossos críticos e poetas formadores puseram em relevo características, que atualmente podem ser notadas graças ao nível do debate que se instalou com o Partenon Literário e seus sucessores. Trabalhos como de Apolinário Porto Alegre, por exemplo, na análise que faz da obra de Alencar; da crítica de Alcides Maya, observador atento dos problemas sociais da campanha, que irá por em discussão pela primeira vez a consciência social rio-grandense e de João Pinto da Silva, com quem a crítica literária local começará a ganhar a consistência da análise do objeto. Nomes que refletem um pensamento em nada “provinciano”, e sim de mentalidade aberta ao novo.
Criada em 18 de junho de 1868, a Sociedade foi extinta em 1899 e reaberta em 19 de julho de 1997.
Faculdade de Letras / PUCRS