Trata-se de um discurso da personagem que não é dirigido a um interlocutor, mas a si mesma (e, conseqüentemente, ao público). Diferencia-se do monólogo por sua brevidade e integração no resto do diálogo. O aparte parece escapar à personagem e ser ouvido por acaso pelo público, enquanto o monólogo é um discurso mais organizado, destinado a ser apreendido e demarcado pela situação dialógica. Note-se que no aparte a personagem nunca mente, posto que está confabulando consigo mesma. Amplamente utilizado no teatro renascentista, o recurso serve para revelar aspectos da interioridade das figuras cênicas, podendo, no caso das comédias, ampliar o potencial lúdico da cena. Gil Vicente, por exemplo, utilizou esta técnica no Auto da Índia, onde a Moça profere vários apartes críticos em relação às atividades adúlteras da sua Ama.
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