Nesses tempos de culto à preservação ambiental, seria fácil responder esta pergunta com a declaração: foi um movimento de preservação das reservas naturais.
Porém, alguns anos antes de se colocar na moda o tema do cuidado com a natureza, alguns poetas brasileiros já se intitulavam “verdes”. O grupo se reunia para debater literatura e artes e editar uma revista.
A Revista Verde, “periódico mensal de arte e cultura”, editada por intelectuais da pequena cidade de Cataguases, no interior de Minas Gerais, circulou durante os anos de 1928 e 1929.
Uma publicação modernista, a Revista Verde, proporcionou a projeção de Cataguases no cenário da arte nacional. Pela primeira vez, uma publicação do interior era palco do debate das vanguardas literárias.
A revista contou com a colaboração de Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Anibal Machado, Sérgio Milliet, Ribeiro Couto, Prudente de Morais neto, Antonio de Alcântara Machado, João Alphonsus, Godofredo Rangel e Marques Rebelo, entre outros.
O grupo também manteve ligações com Humberto Mauro, um dos pioneiros do cinema nacional, que na época vivia em Cataguases.
Na lista de integrantes do movimento estão nomes consagrados como dos escritores Ascânio Lopes, Francisco Inácio Peixoto, Henrique de Resende, Rosário Fusco e Guilhermino César.
Poeta, escritor, professor e ensaísta, Guilhermino César foi um dos expoentes do Movimento Verde. Mineiro, viveu em Porto Alegre, por mais de meio século, onde desenvolveu atividades culturais, jurídicas e jornalísticas. Deixou uma obra de considerável volume, tendo se tornado um dos escritores que mais contribuíram para o resgate da cultura gaúcha.
Já é possível consultar os exemplares da Revista Verde na internet. Em edição comemorativa, no sítio “As Minas Gerais”, escritores como Antonio de Paiva Moura e Patrícia Moran, participam do que denominam “um levantamento descritivo e analítico do patrimônio artístico modernista acumulado na cidade de Cataguases, desde as primeiras décadas do século XX”.
Com aliança de diversos setores da iniciativa privada e serviços públicos foi contratada uma equipe rica em valores intelectual, técnico e científico para a realização de tombamento do acervo. A qualidade do trabalho final da equipe levou as instituições envolvidas no projeto à iniciativa de edição de um catálogo em formato tablóide com 34 páginas ilustradas intitulado Cataguases: um olhar sobre a modernidade.
O Movimento Verde foi ainda importante para a solidificação do movimento modernista em termos nacionais: representou a conquista do interior brasileiro e o rejuvenescimento do modernismo.
Faculdade de Letras / PUCRS