Almoço nu (1959), livro alucinante e controverso de William Burroughs, acompanha as experiências de William Lee e outros personagens pelos Estados Unidos, pelo México, por Tanger e eventualmente pela Interzona, espaço para além da geografia. O que importa, porém, não são os lugares, a trama e nem mesmo os personagens, mas embarcar no fluxo da narrativa permeada de reflexões, críticas sociais e políticas, descrições de estados alterados de consciência, viagens que influenciaram fortemente a contracultura. Na introdução, o autor apresenta a obra como “anotações detalhadas do delírio e da doença”, evocando a dependência de drogas vivida por quinze anos. Objeto de uma das maiores disputas judiciais recentes sobre literatura e obscenidade, Almoço nu tornou-se o livro mais importante de Burroughs e uma referência na literatura pós-moderna.
Burroughs conta que a idéia era chamar o romance de Interzone, em alusão ao momento vivido em Tanger, no Marrocos, onde escreveu a maior parte dos fragmentos do livro. Depois, decidiu chamar a obra de Naked Lust, “luxúria nua”. Uma tarde, recebeu a visita de Jack Kerouac. O encontro de Kerouac, Burroughs e Allen Ginsberg na Universidade de Columbia em 1943 é considerado por muitos o nascimento da Geração Beat. Kerouac se enganou ao ler o título do manuscrito. Perguntou para o autor de Junk qual era o significado de “Naked Lunch”, “almoço nu”. Burroughs gostou e manteve o título enigmático.
Romancista, poeta, contista e ensaísta, William Burroughs nasceu em St Louis, Missouri, em 1914, tornando-se um artista influente no século XX para além da literatura. Ele colaborou em diversos filmes, gravações, performances e músicas, de artistas admirados com sua presença e seu pensamento.
- Autoria: Moema Vilela
- Doutoranda da Faculdade de Letras / PUCRS
Faculdade de Letras / PUCRS