Salvador Dalí está causando no Brasil. Causando filas. E estupefação. Deslumbrada. No meu caso, pelo menos. Fui ver a exposição de Dalí em São Paulo. Entre as 218 obras, há telas que abrangem desde seu período de formação até o final de carreira, passando por contribuições a outras artes, como a fotografia e o cinema. O destaque, claro, é para a fase surrealista, pela qual o artista ficou mais conhecido. Mas eu fiquei mesmo com desejo foram das ilustrações que Dalí fez para Alice no País das Maravilhas, Fausto, Dom Quixote e O velho e o mar.
A 1ª Feira Literária dos Pobres (Flipobre) foi a primeira feira literária realizada unicamente na Internet e transmitida ao vivo, com escritores de todo o Brasil – em sua maioria publicados por editoras pequenas e mesmo não publicados. O evento foi idealizado pelo escritor Diego Moraes, amazonense, que falou o seguinte sobre o espírito da Flipobre em uma matéria para o jornal O Globo:
A poesia da estadunidense Denice Frohman não se encontra em prateleiras ou em e-books. Nem por isso seus versos se mostram menos fortes. Ao contrário. Sua voz poética é uma voz também no sentido literal. Ocupa auditórios universitários, protestos de rua e o YouTube. Em 2013, lançou um álbum de áudio com seus poemas, Feels Like Home.
Escolher qual dos eventos teria sido mais importante no ano de 1923 é o mote de uma disputa entre dois personagens de Martín Kohan (1967) em Segundos Fora (2005), um dos seis romances do autor argentino, autor também de livro de contos e ensaios. Em primeiro plano na trama de Segundos Fora, os colegas jornalistas Ledesma e Verani debatem qual seria o evento mais importante, a luta entre Jack Dempsey e Luis Ángel Firpo, conhecido como El Toro Salvaje de las Pampas, ou a apresentação da primeira sinfonia de Gustav Mahler regida por Richard Strauss no Teatro Colón, em Buenos Aires. Ambos ocorridos em setembro de 1923, disputam para ser matéria da reportagem de capa de uma edição comemorativa dos 50 anos do jornal em que trabalham, lançado no ano em questão. A discussão envolve não só um embate entre os personagens e suas predileções pela cultura popular ou erudita, mas visões diferentes de mundo e da Argentina – embora valha lembrar a declaração do autor ao jornal The Guardian, por ocasião da publicação deste romance nos Estados Unidos, que a ideia de representar um país “vai contra o que diz neste romance, que é tentar desativar a ilusão de nacionalidade”.
Se fosse um cantora, diríamos que depois de alguns discos em conjunto ela inicia carreira solo. Mas a Moema Vilela canta só após algumas cervejas, e não são exatamente músicas de bom gosto (eu sei por que já cantei junto um par de vezes). Por sorte, a Moema, com quem me alterno neste espaço, é das Letras. E ela agora tem até site – moemavilela.com. E também book trailer. Tudo por causa de Ter saudade era bom seu livro de estreia, de contos. Doutoranda em Escrita Criativa na PUCRS, a Moema nasceu no Mato Grosso do Sul, e Ter saudade era bom foi publicado com recursos do Fundo Municipal de Investimentos Culturais de Campo Grande (MS). A seguir ela solta a voz, ou as mãos, para falar de seu primeiro livro solo.
Premiado na categoria de não-ficção no National Book Award em 2005, O ano do pensamento mágico, de Joan Didion, trata da perda do marido e das dificuldades de lidar com a filha, Quintana, no enfrentamento de uma doença que se mostrou fatal. Didion começa o livro com as primeiras frases que escreveu no caderno de anotações depois que o marido morreu, após quarenta anos de casados, no meio de uma frase e de um copo de whisky, antes do jantar.
Eu e a Gabriela Silva somos amigos de alguns anos, por causa da PUCRS, onde ela se doutorou em Teoria da Literatura. Também por causa de certas afinidades, como a morte (foi o tema do doutorado dela) e cachorros estropiados (ela adotou um). Mas a amizade não motiva essa entrevista. O motivo é que no ano passado a Gabriela teve uma daquelas ideias que fazem diferença: a Feira Além da Feira (www.feiraalemdafeira.com.br). Trata-se de “uma rede de parcerias solidárias”, que funciona como uma extensão da Feira do Livro. Bom, vou deixar a Gabriela explicar melhor.
“Desde quando eu era deste tamanhinho, bem pequeninha, eu queria ser escritora. Não queria ser outra coisa, se me perguntassem, e tampouco sabia dizer o motivo. Mas eu queria escrever. Não só escrever: queria viver disso. Quis o destino que muito tarde eu concretizasse meu sonho: muita coisa aconteceu e eu não pude me dedicar ao que gostaria de fazer. Precisava cumprir o lado prático da existência, viver, tentar me assentar no mundo feito gente. Dei aula, fui comerciante, assessora de imprensa, revisora, desempregada — uma coisa angustiada, que não sabia pra onde ir nem como ganhar a vida. (…). Hoje eu sou uma escritora.”
A insônia me acomete e fico pensando. Ou fico pensando e a insônia me acomete. Entre outras (muitas) coisas, penso no Carver. Raymond Carver e suas histórias sobre a classe média baixa estadunidense, os que em geral ficaram à margem do “sonho americano”. Histórias de linguagem simples e emoções vastas.