Truman Capote começou a escrever com oito anos de idade – de uma hora para outra, sem se basear em nenhum exemplo. Nunca tinha conhecido ninguém que escrevesse e conhecia muito pouca gente que lesse. “O importante, porém, é que as quatro únicas coisas que me interessavam eram: ler livros, ir ao cinema, dançar sapateado e desenhar”, diz ele no prefácio deMúsica para Camaleões, uma coletânea de seus textos de jornalismo literário. “Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote – e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação.”
Durante a infância e a adolescência Capote escreveu “histórias de aventuras, romances policiais, pequenas comédias para teatro, contos que ouvi da boca de antigos escravos e veteranos da Guerra Civil”. Ele se divertia muito, conta, mas a diversão acabou quando percebeu a diferença entre um texto bem escrito e um com problemas. A situação piorou ao descobrir que a diferença entre um texto muito bem escrito e a verdadeira arte “é sutil, mas bárbara”.
Capote afirma que foi a partir daí que o chicote se pôs a estalar.