Clarice Lispector só para mulheres

Reconhecida pela crítica por sua literatura subjetiva, Clarice Lispector (1920-1977), além de ainda ter enveredado pela literatura infantil, também manteve uma carreira de cronista. Publicou nas décadas de 1950 e 1960 colunas para as seções femininas dos jornais Comício, Correio da Manhã e Diário da Noite.

Os textos foram escritos sob diversos pseudônimos. Nas colunas, Clarice vestiu-se então das inventadas Teresa Quadros e Helen Palmer, além de ter sido ghost writer de Ilka Soares, uma atriz e modelo de sucesso na época.

A surpresa é que a autora de obras ousadas na forma e cheias de angústias na temática – como Perto do coração selvagem (1943), A paixão segundo G.H. (1964) e Água viva (1973) – produziu colunas que propagam uma imagem algo clichê das mulheres. São conselhos de sedução, moda, beleza e etiqueta, além de dicas de economia doméstica, receitas culinárias e de saúde. Os textos foram reunidos em 2008 na coletânea Só para mulheres (Rocco).

Autoria: Luís Roberto Amabile
Doutorando da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
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