Em 2011, no meu segundo ano em Porto Alegre, fui colega do Altair Martins numa disciplina do mestrado da PUC. Colega modo de dizer. Para mim o Altair era uma ave que se sustentava no ar, com as asas abertas, sem que parecesse agitá-las. Eu o olhava, escutava com atenção as suas intervenções, mas nem no intervalo interagia com ele. Afinal, vim para Porto Alegre cursar uma oficina literária (fui ficando) e o Altair, pouco mais velho do que eu, já era professor de oficinas, além dos prêmios…
Eu era daqueles para quem os escritores pairam.
No mês passado, o Jeferson me liga: “O Fernando nos convidou para fazer o sarau na FestiPoa *. Eu e a Gabi (o Jeferson Tenório e a Gabriela Silva organizam mensalmente na Palavraria o Sarau das Seis)queríamos que você participasse”.
“Claro”, respondo. Eu já tinha participado uma vez, na qual falamos e lemos trechos da obra do Raduan Nassar. “Sobre quem vai ser?”
“O Cristovão Tezza, o Altair Martins e o Luiz Ruffato.”
“Que ótimo. Claro que topo.”
“E provavelmente eles vão estar presente. Os caras devem estar lá no dia.”
Confirmei que aceitava. Desligamos. “Uau!”, pensei, entusiasmado. Ler e falar de alguns de meus autores favoritos na frente deles…
“Uau!”, repensei. É complicado falar de alguém na frente desse alguém. E não eram escritores quaisquer. Imagina se digo alguma coisa errada, se me escapa uma besteira, um erro de português!
Pensando bem, eu não era daqueles para quem os escritores pairam.
* O sarau foi ontem, domingo, 12/05. Veja no site da Palavraria.
- Autoria: Luís Roberto Amabile
- Doutorando da Faculdade de Letras / PUCRS
Faculdade de Letras / PUCRS