Em linguagem ufanista, poder-se-ia dizer que Thomas Mann (1875-1955) também é brasileiro. Trocando em miúdos: a mãe do autor de A montanha mágica, Julia da Silva Bruhns, nasceu no Brasil, tendo nomeado o Nobel de Literatura de 1929 de Paulo Thomas, e o irmão, o escritor Heinrich Mann, de Luís Heinrich Mann. A casa colonial onde Julia morou até os sete anos, Engenho Boa Vista, está localizada em Paraty e é hoje propriedade do navegador Amyr Klink. Há anos, ela é motivo de disputa entre o proprietário e a família alemã, que desejava construir no local um centro cultural dedicado ao escritor.
Na Flip (Festival Literário Internacional de Paraty) de 2013, Paulo Astor Soethe, Frido Mann (neto do escritor) e Karl-Josef Kuschel lançaram Terra mátria – A família de Thomas Mann e o Brasil, publicado primeiramente na Alemanha, em 2009. O evento incluiu uma conversa com os autores e a tradutora Sibele Paulino.
Durante o evento, Soethe avaliou que as memórias da mãe sobre o mundo estrangeiro podem fornecer uma chave de leitura da construção de importantes personagens de Mann e de seu olhar sensível para a pluralidade. O professor de Letras da Universidade do Paraná acredita que, pouco conhecida até mesmo entre especialistas, a ascendência brasileira sugere novas interpretações da obra e da vida do autor deMorte em Veneza e Doutor Fausto.
- Autoria: Moema Vilela
- Doutoranda da Faculdade de Letras / PUCRS
Faculdade de Letras / PUCRS