Tatiana Belinky e o fim de uma história boa

Uma das grandes autoras de livros infanto-juvenis no Brasil, advogada da Emília como maior heroína da literatura, Tatiana Belinky morreu no último dia 15 de junho, aos 94 anos. Há menos de três, entrara para a Academia Paulista de Letras, reconhecimento de seu legado de mais de 250 livros voltados para os pequenos. Sua estréia, em 1987, foi com Limeriques, de poesia, inspirados nos limericks populares na literatura inglesa.

Nascida em São Petersburgo em 1919, veio para o Brasil ainda menina, com dez anos de idade. A russa naturalizada brasileira trabalhou com adaptações, traduções, roteiros de peças infantis e programas de televisão, além de colaborações para os jornais. Nos anos 1970, ela e o marido, Júlio Gouveia, fizeram a primeira adaptação para a TV do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato.

Falante de russo, alemão, letão e português, Tatiana Belinky não deixou de lembrar do seu público preferido mesmo nas traduções dos compatriotas, adaptando para crianças autores como Tolstoi e Liescov. Na premiada antologia Salada russa, incluiu também Tchekhov, Gorki e Puchkin. Além dos prêmios de tradução, em 1979 Tatiana Belinky ganhou o Prêmio Mérito Educacional e, em 1989, o Prêmio Jabuti de Personalidade Literária do Ano, entre outros.

Na ocasião de sua morte, a Folha de São Paulo publicou uma homenagem de um amigo mais jovem, também escritor, que Belinky tratava como “sobrinheto”, mistura de neto e sobrinho. Como despedida, David Nordon escreveu um limerique bem ao gosto da homenageada:

Tati Trança-Rimas
Tatiana é uma garota sapeca,
A palavra é a sua boneca.
Ao céu subiu,
Com muito brio.
E lá montará uma nova biblioteca.

Autoria: Moema Vilela
Doutoranda da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
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