Vanessa Silla e seus escritos urgentes

Mestranda em Escrita Criativa na PUCRS – onde também se graduou em Letras e cursou especialização em Literatura Brasileira – Vanessa Silla é autora de cinco livros. O último deles, Nanotempo (Editora Bestiário), acaba de sair do prelo. O livro se integra a Nanoescritos (2008) e se caracteriza por narrativas breves, que, segundo a autora, refletem a “urgência moderna”. A seguir, ela fala mais sobre seus projetos literários.

No Nanoescritos, uma personagem diz que na primeira oficina de criação sentiu-se assim como um extraterrestre. Foi assim com você também? Qual o papel das oficinas na sua vida de escritora?

Ao contrário da minha personagem, não me senti uma estranha nas primeiras aulas de Oficina que frequentei. Na verdade foi bem o oposto. Quando participei da primeira oficina tive uma sensação extremamente reconfortante. Fiquei muito feliz porque descobri que existia um local de se pensar, escrever e aprender técnicas de escrita. Quando fazia a Oficina ficava a semana toda querendo que chegasse logo o dia. Foi um período muito lindo na minha “estradinha literária”. Depois até fiz o meu trabalho final de conclusão da Especialização em Literatura Brasileira sobre oficinas literárias.

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Fale um pouco sobre a série Nano. Como surgiu? Qual é a ideia? Haverá outros livros Nano?

A série Nano surgiu quando eu estava agrupando alguns escritos que eu tinha para formar o livro. Constatei que meus textos não eram extensos e tinham está característica meio urbana e rápida. No intuito de não misturar gêneros, criei o nome Nanoescritos para representar meu estilo. O Nano é a crônica curta, o conto conciso, a poesia enxuta. Vem de encontro com a urgência moderna. Detalhe: amo livros de muitas páginas e nada tenho contra leituras mais elaboradas. Apenas soube combinar meu estilo com uma demanda mais atual. A ideia da série é um pouco mais densa do que parece. Todo Nanoescrito é permeado por uma personagem muito rasa que transita no meio literário e acaba tentando convencer editores a publicá-la. Eu gosto de pensar que é uma brincadeira séria sobre literatura. Se vai haver outrosNanos? Posso responder que a personagem está ficando espaçosa, então acho que sim (risos).

Você acaba de lançar o Nanotempo

O livro trata da pressa, da falta de tempo e também dou um jeitinho de colocar esta “personagem-nano” – que não tem nome – outra vez na batalha de ser publicada. Também experimentei o hibridismo. Vasculhei meus apontamentos de Roland Barthes e procurei desconstruir a forma, para que a recepção da leitura pudesse ser diferente. No Nanotempo, o texto pode ser lido tanto por uma menina de treze anos quanto pela mãe de setenta anos.

Você acha que sua literatura é mais “para mulher ler”

Você acha que sua literatura é mais “para mulher ler” Não curto muito a etiqueta de que minha literatura é mais para mulher, mas confesso que há uma forte pegada feminina. Jamais pensando em ser feminista, até porque isso já está muito clichê. As mulheres se identificam mais porque as coloco numa posição de “debochar” do que as exclui do mundo. Um tom jocoso, mas com imenso lacinho cor de rosa.

Autoria: Luís Roberto Amabile
Doutorando da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
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