Henry David Thoreau (1817-1862) ficou conhecido por seu ensaio “A Desobediência Civil” e por “Walden”, o primeiro um influente manifesto da literatura libertária, o segundo um elogio da vida simples em meio à natureza.
As propostas de ambos os livros são coerentes com o modo de vida que levou o escritor. Thoreau experimentou amplamente a vida na natureza e foi até para a cadeia por se recusar a pagar um imposto, de um dólar, em protesto ao governo norte-americano. Thoreau se posicionava contra diversas questões candentes de sua época, como o envolvimento na guerra mexicana e a manutenção da escravatura. Ele também não pagou a irrisória taxa que lhe permitiria receber o diploma de sua formação em Artes, da Universidade de Harvard. “Não vale cinco dólares”, ele teria dito, preferindo não participar da derrubada de árvores ou da retirada de pele de ovelhas para emoldurar o resultado de uma formação que ele julgava irrelevante. De novo, a questão não era o dinheiro, mas o valor.
Em 1845, Thoreau foi morar às margens do lago Walden, onde construiu uma cabana de madeira e iniciou plantações. Depois de dois anos de experiências, publicou “Walden – ou A vida nos bosques”, onde relata desafios práticos da auto-suficiência em meio à natureza e reflete sobre questões como a liberdade e a sociedade capitalista. A terra onde ficou Thoreau pertencia ao poeta Ralph Waldo Emerson, amigo dileto que, entre outras coisas, se ofereceu para pagar a fiança de Thoreau na ocasião de sua insubordinação contra o imposto americano. Diz a lenda que Ralph Waldo Emerson teria dito: “Henry, por que você está aqui?”. Ao que Thoreau teria respondido, provocativamente: “Waldo, por que você não está aqui?”.
A filosofia militante de Thoreau influenciou o pensamento político de ativistas de porte de Martin Luther King, Tolstoi e até Mahatma Gandhi, em sua luta contra o domínio britânico na Índia.
- Autoria: Moema Vilela
- Doutoranda da Faculdade de Letras / PUCRS
Faculdade de Letras / PUCRS