O norte-americano John Cheever (1912-1982) ficou famoso pelos contos publicados originalmente na revista The New Yorker. Pela elegância e sutileza de sua prosa, ele recebeu designações como “arauto da beleza e da luz”, “o Tchecov americano”, “autor de textos aconchegantes”. Em 1978, a coletânea de suas histórias ganhou o prêmio Pulitzer – algumas delas foram reunidas em 28 Contos de John Cheever (Companhia das Letras, 2010).
Mas seu estilo ficcional e a imagem pública que ele fazia questão de manter, a de um feliz pai de família, não correspondem em nada ao seu cotidiano. Segundo Blake Bailey, autor da premiada biografia Cheever: A Life, a zona de segurança do escritor era a sua imaginação – “esse universo alternativo de onde provinham as suas histórias”. Já no mundo real…
O diário de Cheever, que veio a público pela primeira vez nos anos 1990 na The New Yorker e depois saiu em livro, é um marco do gênero. Algumas passagens saíram na revista Piauí em 2011 e estão disponíveis on-line. Considerado do mesmo nível estético (e às vezes até melhor) que a ficção do autor, o diário difere nos temas e nas formas. Segue um tom soturno. Revela um homem sofrido, cheio de raiva e segredos. E que na vida particular acabou derrotado pela escuridão que trazia dentro de si.
- Autoria: Luís Roberto Amabile
- Doutorando da Faculdade de Letras / PUCRS
Faculdade de Letras / PUCRS