Que tal uma história de amor?

Ray conheceu Tess numa conferência de escritores em Dallas, em novembro de 1977. Ela era uma poetiza de relativo sucesso. Tinha 34 anos. Ray estava com 39. Em 1976, os contos dele enfim tinham saído por uma grande editora. O livro – Você poderia ficar quieta, por favor? – só recebera elogios. Ele também decidira parar de beber, e havia cinco meses que não tomava álcool. “Ray parecia atrapalhado e frágil, mas me dava um pouco de medo por tudo que já tinha ouvido dele”, Tess contou ao jornal inglês The Guardian.

20120604bAlguns meses depois, voltaram a se encontrar. Ele continuava sóbrio, e tinha se divorciado. Começaram a namorar. Em 1979, foram viver juntos. Tess se ocupava das coisas práticas. Não deixava as contas atrasarem e deixava que Ray usasse o escritório. Para que ele tivesse espaço e tempo livres para escrever.

Ray é Raymond Caver. Tess é Tess Gallagher. Depois que a conheceu, ele escreveu como nunca antes. As coletâneas publicadas em 1981 (Do que estamos falando quando falamos de amor) e 1983 (Catedral) ganharam os principais prêmios dos Estados Unidos.

Ray morreu de câncer em 1988. Pouco antes, fez questão de casar com Tess.

A obra dele também se mostra perene. São histórias sobre a classe média baixa estadunidense, os que em geral ficaram à margem do “sonho americano”. Histórias de linguagem simples e emoções vastas. No Brasil, foram reunidas em 68 contos de Raymond Carver (Companhia das Letras, 2010).

Autoria: Luís Roberto Amabile
Doutorando da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
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