Você já ouviu falar em livro que não pode esperar pra ser lido?

A editora e livraria independente Eterna Cadencia, da Argentina, acaba de lançar um livro que não pode ficar na estante por muito tempo: em dois meses, a tinta usada na impressão desaparece. O processo é desencadeado a partir do momento em que o leitor abre o pacote e o livro entra em contato com o ar e o sol. O objetivo é chamar a atenção para autores contemporâneos, que teriam dificuldade de ver sua produção consumida em curto prazo. Por isso, a primeira edição de El libro que no puede esperar é uma coletânea de jovens autores latino-americanos, e será seguida por outros volumes também de produção contemporânea.

A invenção, misto de ficção científica e estratégia de mercado, chama a atenção para nossos hábitos de leitura. Quantos livros vamos ler em vida? Como, por que e quando lemos? As perguntas de Ítalo Calvino, que tratou dessa problemática tanto nos ensaios (Por que ler os clássicos?) como na ficção (Se um viajante numa noite de inverno), agora são aplicadas à produção contemporânea e à impossibilidade de reler.

Em um vídeo, parte da campanha de lançamento, o narrador diz que “livros são objetos muito pacientes”, mas não jovens escritores, ansiosos pela legitimação da crítica e do público. Segundo a editora, a maioria desistiria de lançar um segundo volume devido às dificuldades de mercado. No caso deEl libro que no puede esperar, editores e autores foram bem-sucedidos, já que ele se esgotou no dia do lançamento e chegou aos jornais de todo o mundo. A inovação, idealizada pela agência de publicidade DraftFCB, ganhou até um prêmio de criação em Cannes. Para assistir o vídeo da campanha de lançamento, veja:

Autoria: Moema Vilela
Doutoranda da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
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