A biblioteca do doutor

O médico Joaquim José de Oliveira Neto (1904-1991) era um apaixonado por livros. Em sua casa, na pequena São João da Boa Vista, no interior paulista, mantinha um vasto acervo, principalmente de literatura brasileira e francesa. A biblioteca se esparramava por duas salas, em caprichados estantes de madeira e armários envidraçados.

20121119bA casa era frequentada por intelectuais. O doutor foi amigo de Monteiro Lobato e mantinha contato com poetas como Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira. Também era professor de história natural no colégio da cidade. E foi ali que deu aula, em épocas diferentes, para dois jovens promissores, ambos filhos de médicos, mas que se inclinavam às letras: Davi Arriguci Jr. e Antonio Candido. Tanto um quanto outro, hoje dois dos maiores nomes da crítica literária do continente, recordam a fascinação que Oliveira Neto e sua biblioteca exerciam.

“Ele me ensinou muita coisa, inclusive revelando revistas literárias francesas e americanas que assinava e eu não conhecia. Nas mãos dele vi, ainda ginasiano, o primeiro volume da famosa Bibliothèque de La Pléiade. Eram as obras de Baudelaire”, contou Candido certa vez numa entrevista.

“Para mim, a relação com ele foi uma janela para o mundo, tenho muitas lembranças dessa biblioteca, tenho muitos livros dele, que me foram dados por sua filha Yolanda, querida amiga minha”, declarou Arriguci Jr.

Autoria: Luís Roberto Amabile
Doutorando da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
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