Quantos negócios Simões Lopes Neto viu naufragar?

Recorte de um anúncio da Livraria do Globo na revista Província de São Pedro
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Autor de Contos gauchescos e Lendas do sul, os dois livros que acabaram por consolidar o que pode ser chamado de regionalismo gaúcho, Simões Lopes Neto não pôde se dedicar por inteiro à literatura. As histórias de Blau Nunes, hoje lidas e estudadas com atenção no Brasil, só alcançaram sucesso póstumo. Durante a vida, Simões Lopes Neto se dedicou ao jornalismo e a empreendimentos que desmoronavam em sequência.

Na sua Pelotas natal, fundou a marca de cigarros chamada “Diabo”, talvez o início da expressão que perdura até hoje para designar negócios ou produtos de origem duvidosa. A descendência aristocrática possibilitou mais algumas tentativas: Simões tentou levar adiante, também sem sucesso, uma fábrica de vidros e uma moenda de café. Algumas fontes ainda citam a invenção de um remédio, à base de tabaco, para o combate de carrapatos.

Simões Lopes Neto perdeu boa parte da fortuna e morreu empobrecido em Pelotas, no ano de 1916. Há pouco, o escritor se transformou em personagem: em 2008, o também pelotense Vitor Ramil publicou o romance Satolep, em que um certo João Simões caminha pelas ruas de uma cidade úmida, vê “as faces possíveis da M’boitatá em cruzes de esquinas iluminadas” e fuma cigarros marca “Diabo”.

Autoria: Iuri Müller
Mestrando da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
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