A biografia ficcional de Péter Esterházy

Considerado um dos mais importantes autores europeus contemporâneos, o húngaro Péter Esterházy (1950) tem tido afinal sua obra traduzida no Brasil, tornando-se mais conhecido dos brasileiros também a partir de sua participação na Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, no ano passado, em 2011.

Com mais de 30 livros publicados e traduzidos para cerca de 30 países, Peter Esterházy é conhecido pela criação que relaciona ficção e memória, com muitos elementos autobiográficos. “Os verbos auxiliares do coração”, traduzido em português em 2011 pela Cosac Naif, foi escrito logo após a morte da mãe do autor, e apresenta um relato múltiplo, com a voz do narrador, da mãe morta e de uma terceira narrativa, no rodapé do texto principal, composta de citações, diálogos, comentários fragmentários e desconexos: enigmas que dialogam com o relato mais tradicional do filho em luto.

No prefácio, o autor diz: “Quando escrevo, escrevo necessariamente sobre o passado, sobre alguma coisa que assimilei, ao menos em relação ao momento em que escrevo. Seja qual for o tema do livro, espero que se sinta nele certa leveza, a lembrar que a obra nunca é algo dado naturalmente, mas desejo e doação. Faço literatura, como das outras vezes, deslocado e objetificado feito máquina de lembranças e formulações. Mallarmé diz que tudo no mundo existe para se tornar livro”.

A linguagem inovadora de Esterházy foi reconhecida em mais de vinte prêmios literários e o autor tem sido bem cotado até para o Nobel. Para os leitores distantes de Budapeste, a consagração internacional ajuda a divulgar mais amplamente um autor-criador, que experimenta com o romance na mesma linha de escritores como Macedonio Fernandez e Enrique Vila-Matas.

Autoria: Moema Vilela
Doutoranda da Faculdade de Letras / PUCRS

Colaboração:
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