A morte de Euclides da Cunha e o diário de Anna de Assis

A história familiar de Euclides da Cunha (1866 – 1909) é conhecida pela tragicidade. O autor de Os sertões foi morto pelo militar Dilermando de Assis, amante da mulher de Euclides da Cunha, Anna Emília Ribeiro de Assis. A cena foi dramatizada em minisséries brasileiras como Desejo, da TV Globo, que reproduziam a versão de que Euclides da Cunha, ele próprio primeiro-tenente do exército, havia surpreendido a esposa com Dilermando de Assis e, no enfrentamento, foi morto a tiros. Sete anos depois, o filho de Euclides da Cunha tentou matar Dilermando para vingar o pai e também acabou morto.

A história voltou ao noticiário este ano com a chegada do diário de Anna de Assis às mãos da neta Anna Sharp. No caderno, com 45 páginas, a autora escreve que a relação extraconjugal era conhecida pelo marido, que aceitava que a mulher dormisse fora, mas não o divórcio. Ao contrário da versão conhecida até então, não teria sido a surpresa da traição o que levou os dois homens ao enfrentamento e à morte de Euclides da Cunha. Anna Sharp, neta de Anna e Dilermando de Assis, cogita retomar o livro “Vozes do Passado”, que escrevia sobre a história da família. Ela recebeu o documento do bisneto do advogado do avô, único documento sobre o caso pelo olhar de Anna de Assis.

Autoria: Moema Vilela
Doutoranda da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
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