Marguerite Duras e a memória

Quase toda a obra de Marguerite Duras é em alguma medida ligada à sua biografia, mas, segundo a autora, nenhum de seus livros foi tão autobiográfico quanto “O amante”, em que ela narra a iniciação sexual, aos quinze anos de idade, com um chinês rico e mais velho de Saigon. O livro foi publicado em 1984, quando a escritora tinha 70 anos, e lhe deu a consagração definitiva. Tornouse bestseller, ganhou o Prêmio Goncourt e foi traduzido em dezenas de países.

Nome de rua em homenagem à escritora e cineasta, em Paris
Nome de rua em homenagem à escritora e cineasta, em Paris

Em “O amante”, a natureza, os medos e as sensibilidades provêm da infância da escritora na Indochina, atual Vietnã, onde Marguerite Duras nasceu em 1914. A desagregação das relações familiares, as dificuldades financeiras, a instabilidade emocional da mãe, tudo isso se desenrola no cenário tropical, úmido e pesado da colônia francesa, onde os dois amantes se encontram e descobrem a sexualidade numa garçonnière na periferia de Cholen.

Com grande lirismo e sensibilidade, a narradora revela que ali também estavam presentes delicados meandros, amargos e doces, do amor.

Em 1932, Marguerite Duras foi repatriada na França, país de origem de sua família, onde participou da resistência na Segunda Guerra Mundial e do movimento de Maio de 1968. A autora de “Uma barragem contra o Pacífico” se lançou ainda ao teatro e ao cinema, sendo conhecida a partir de então também como roteirista de “Hiroshima, meu amor” ou diretora de “India Song”. Em 1991, “O amante” foi adaptado para o cinema pelas mãos de Jean-Jacques Annaud.

Autoria: Moema Vilela
Doutoranda da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
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