Rosa encantado

Após João Guimarães Rosa ser eleito, sem voto contra, para a Academia Brasileira de Letras, a insistência em adiar a posse, somada a declarações de que não sobreviveria ao evento, criou um mito sobre a morte do escritor, três dias depois. Teria o autor de Grande Sertão: Veredas feito um pacto como o de seu personagem Riobaldo? Ou, como bom inventor que era, Rosa estaria só esbanjando elementos para mais uma história de fantasia e mistério?

Continue lendo ›

Viajando com Charley

Em 1960, o escritor americano John Steinbeck, que dois anos depois receberia o Nobel, lançou “Viajando com Charley”. No livro, publicado no Brasil nos anos 1970, pela editora Record – ainda dá para achar em sebos –, Steinbeck narra uma jornada de três meses pelos EUA na companhia de seu poodle Charley. Não gosto de poodles, mas gostei do livro, e como em minha última viagem usei pela primeira vez um navegador com GPS, e ele me indicava ruas e avenidas com uma voz masculina, apelidei-o de Charley.

Continue lendo ›

O processo minucioso de criação de Umberto Eco

Ao desenhar o retrato de todos os monges sobre quem escreveu no romance O nome da rosa (1980), Umberto Eco entrou definitivamente para o rol dos escritores adeptos de uma metodologia minuciosa para a criação ficcional. São autores que fazem plantas detalhadas dos lugares que descrevem nos livros, dramatizam as cenas no mundo real antes de colocá-las no papel ou até fazem o mapa astral dos personagens, como Fernando Pessoa para os heterônimos.

Continue lendo ›

Um conto de Natal

Charles Dickens (1812-1870) chamava o seu A Christmas Carol (apesar de a tradução brasileira ter sido Um conto de Natal, trata-se de um romance) de “meu livrinho natalino”. Modo de falar, pois o sucesso foi enorme. Publicada em 1843, continua sendo até hoje uma história popular. Fala da redenção do velho e aparentemente insensível Scrooge, que recebe a visita de alguns fantasmas que lhe fazem reavaliar o seu modo de viver.

Continue lendo ›

Paul Auster lírico

Reconhecido pelos romances, roteiros de cinema e ensaios, Paul Auster também publicava poemas na juventude, que foram lançados este ano no Brasil. Poucos leitores de A Trilogia de Nova York ou de O Livro das Ilusões, best-sellers do autor, podiam imaginar Todos os poemas, que compreende a produção de Auster em um período de 1967 a 1979, a partir de seus 20 anos.

Continue lendo ›

Vanessa Silla e seus escritos urgentes

Mestranda em Escrita Criativa na PUCRS – onde também se graduou em Letras e cursou especialização em Literatura Brasileira – Vanessa Silla é autora de cinco livros. O último deles, Nanotempo (Editora Bestiário), acaba de sair do prelo. O livro se integra a Nanoescritos (2008) e se caracteriza por narrativas breves, que, segundo a autora, refletem a “urgência moderna”. A seguir, ela fala mais sobre seus projetos literários.

Continue lendo ›

Um diálogo sobre o jovem Werther

Os sofrimentos do jovem Werther (1774) foi muito popular em seu tempo. Inspirou mesmo uma onda de suicídios pela Europa – devido ao seu amor impossível pela prima Carlota, o protagonista se mata com um tiro de pistola. O crítico e escritor Marcelo Backes crava que a literatura alemã divide-se em antes e depois de Werther. Alteia que o romance epistolar de Johann Wolfgang Goethe (1749-1832) deu início à prosa moderna na Alemanha e ainda antecipou o romance burguês do século 19. Como fazem muitos especialistas, não se cansa de elogiar: “Werther é um fulgor, um raio atravessando o horizonte da Literatura Universal. Construído sobre um arcabouço quase dramático, o acontecimentos sucedem-se num crescendo quase martirizante, anunciando e preparando a catástrofe”.

Continue lendo ›

Um sanduíche com Allen Ginsberg

Em 1969, Patti Smith encontrou Allen Ginsberg em uma cafeteria em Nova York. Ela estava tentando comprar um sanduíche dez centavos mais caro do que as moedas que trazia no bolso. Ginsberg, para ela “um dos grandes poetas e ativistas do país”, ofereceu-se para pagar o restante – e ainda a chamou para sentar. Deu tempo de falarem de Walt Whitman, até Ginsberg chegar mais perto e perguntar:

Continue lendo ›