Os cadernos de Joan Didion

Premiado na categoria de não-ficção no National Book Award em 2005, O ano do pensamento mágico, de Joan Didion, trata da perda do marido e das dificuldades de lidar com a filha, Quintana, no enfrentamento de uma doença que se mostrou fatal. Didion começa o livro com as primeiras frases que escreveu no caderno de anotações depois que o marido morreu, após quarenta anos de casados, no meio de uma frase e de um copo de whisky, antes do jantar.

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Feira Além da Feira: as ideias de Gabriela Silva

Eu e a Gabriela Silva somos amigos de alguns anos, por causa da PUCRS, onde ela se doutorou em Teoria da Literatura. Também por causa de certas afinidades, como a morte (foi o tema do doutorado dela) e cachorros estropiados (ela adotou um). Mas a amizade não motiva essa entrevista. O motivo é que no ano passado a Gabriela teve uma daquelas ideias que fazem diferença: a Feira Além da Feira (www.feiraalemdafeira.com.br). Trata-se de “uma rede de parcerias solidárias”, que funciona como uma extensão da Feira do Livro. Bom, vou deixar a Gabriela explicar melhor.

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Cíntia Moscovich e a festa da Escrita Criativa

Crédito: Cleber Passus

“Desde quando eu era deste tamanhinho, bem pequeninha, eu queria ser escritora. Não queria ser outra coisa, se me perguntassem, e tampouco sabia dizer o motivo. Mas eu queria escrever. Não só escrever: queria viver disso. Quis o destino que muito tarde eu concretizasse meu sonho: muita coisa aconteceu e eu não pude me dedicar ao que gostaria de fazer. Precisava cumprir o lado prático da existência, viver, tentar me assentar no mundo feito gente. Dei aula, fui comerciante, assessora de imprensa, revisora, desempregada — uma coisa angustiada, que não sabia pra onde ir nem como ganhar a vida. (…). Hoje eu sou uma escritora.”

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Ai que Saudades do Mario Lago

Considerado um artista múltiplo, Mario Lago era também um ótimo frasista. Ao digitar seu nome no oráculo dos tempos modernos, o Google, acham-se pérolas. “Fiz um acordo de coexistência pacifica com o tempo”, dizia Mario Lago, “Nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Um dia a gente se encontra”. E certa vez ele confessou ao jornalista João Máximo, de O Globo: “Isso aqui (a vida) está tão bom que penso seriamente em chegar aos 100”.

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Literatura pela cidadania

Em 2006, na cidade mexicana de Nezahualcóyotl, o governo municipal escolheu uma ação curiosa para o aprimoramento do efetivo policial: incentivar a leitura. A cidade já teve o maior índice de criminalidade em uma área metropolitana violenta, e a corrupção e a brutalidade da força policial eram apontados como um dos agravantes da insegurança municipal. Com a justificativa de que isto poderia melhorar o cenário, o governo enviou uma lista de obras literárias como “sugestões” oficiais para os agentes em serviço. Entre os livros escolhidos, estavam Dom Quixote, Pedro Páramo, Aura, O labirinto da solidão, Cem anos de solidão, O pequeno príncipe, contos de Edgar Allan Poe.

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Lavoura Arcaica, um filme literário

Relendo Lavoura Arcaica relembro do filme. E de uma tentativa de crítica cinematográfica. Resgato-a:

Lavoura Arcaica (2001), adaptação do livro homônimo (1976), é uma viagem cinematográfica em que os universos de dois artistas, um da palavra, outro da imagem, se sobrepõem. O diretor Luiz Fernando Carvalho, que também coproduziu, roteirizou e editou o filme, foi fiel aos diálogos poéticos do livro de Raduan Nassar. Ao mesmo tempo, buscou transcender a literatura e acoplar lhe uma personalidade imagética própria.

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Minicontos máximos

Do haicai ao dinossauro de Augusto Monterroso, a narrativa brevíssima tem uma história longa. Com a internet e redes sociais como o Twitter, as variações e definições chegaram a um grau de sutileza que haja quem reconheça diferenças entre narrativas com até 50 letras (nanocontos), até 100 letras (microconto) ou com a abundância de 150 letras (miniconto).

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