Há tempos, pesquisadores se esforçam em descobrir o que pode levar uma cidade a reunir, em determinado período da história, um número fora do comum de pessoas às voltas com a criação artística – e, mais do que isso, transformando a arte. Viena, a capital austríaca, é um destes objetos de estudo: nos últimos anos do século XIX, caminhavam pelas mesmas ruas os responsáveis por modificar a pintura, a arquitetura, a música e a literatura, e de levar adiante os conhecimentos da psicanálise.
Em Viena, viveram e de algum modo compartilharam ideias e experiências nomes como o pintor Gustav Klimt, o arquiteto Camillo Sitte, o escritor Arthur Schnitzler, além de Gustav e Alma Mahler e de Sigmund Freud. Tal efervescência artística se deu, paradoxalmente ou não, num período de decadência da aristocracia local e de grande instabilidade política. O panorama da cidade na época é descrito e analisado pelo historiador norte-americano Carl Schorske em Viena fin-de-siècle, publicado no Brasil em 1989.
O escritor e dramaturgo Hugo von Hofmannsthal, nascido em Viena, foi um dos artistas a pensar e criar sobre aquele tempo de mudanças. Em 1905, escreveu: “muitos já sabem, e um sentimento indefinível converte muita gente em poetas”.
- Autoria: Iuri Müller
- Mestrando da Faculdade de Letras / PUCRS
Faculdade de Letras / PUCRS