Ao desenhar o retrato de todos os monges sobre quem escreveu no romance O nome da rosa (1980), Umberto Eco entrou definitivamente para o rol dos escritores adeptos de uma metodologia minuciosa para a criação ficcional. São autores que fazem plantas detalhadas dos lugares que descrevem nos livros, dramatizam as cenas no mundo real antes de colocá-las no papel ou até fazem o mapa astral dos personagens, como Fernando Pessoa para os heterônimos.
Obra de estreia de Umberto Eco, O nome da rosa foi responsável por torná-lo mundialmente conhecido na ficção, ao vender milhões de exemplares e se tornar filme famosíssimo e até jogo de tabuleiro.
No livro Confissões de um Jovem Romancista, o autor italiano cita, como exemplo de processo similar de criação, o trabalho do cineasta italiano Luchino Visconti, diretor de filmes como O Leopardo e Morte em Veneza. “Quando o roteiro exigia que dois personagens falassem de uma caixa de joias, ele fazia questão de que a caixa, embora nunca fosse aberta, realmente contivesse joias autenticas. Do contrário, os autores representariam com menor convicção”, escreveu Eco neste que é seu último livro lançado no Brasil, e traz como tema principal uma reflexão (minuciosa!) sobre o processo de criação de suas obras.
- Autoria: Moema Vilela
- Doutoranda da Faculdade de Letras / PUCRS
Faculdade de Letras / PUCRS