Precisava ser assim?

Moacyr Scliar (1937-2011) não tinha ouvido falar de Yann Martel até o canadense vencer, em 2002, o Booker Prize, o prêmio mais importante da língua inglesa. Mas Martel já tinha ouvido – ou ao menos lido – do brasileiro.

A vida de Pi, o romance que venceu o prêmio e que agora virou filme, conta a história de um jovem indiano que, após um naufrágio, acaba num bote salva-vidas na companhia de um tigre. A premissa é similar à do romance de Scliar Max e os Felinos (1981), no qual, após um naufrágio, um garoto alemão fica confinado num pequeno barco com um jaguar.

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Com a repercussão do Booker Prize, jornais de vários países acusaram Martel de plagiar o brasileiro. Martel reconheceu que se inspirou na ideia de Scliar – hoje esse reconhecimento está no prefácio de A vida de Pi –, mas nunca admitiu ter lido Max e os Felinos antes de escrever seu livro. Declarou que tomara contato com a obra ao ler resenha desfavorável. E chegou a dizer que era um tema brilhante demais para ser estragado por um escritor menor. Depois pediu desculpas e elogiou o romance do brasileiro.

Scliar considerou que não houve plágio. Porém deixou claro que teria ficado mais satisfeito se Yann Martel houvesse procedido de outra maneira no episódio.

Autoria: Luís Roberto Amabile
Doutorando da Faculdade de Letras / PUCRS
Colaboração:
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